quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Eisamkeit

Me sinto só, e não é que nunca me senti assim, a coisa apenas se agravou.
Não sei como se sentem as mães no Brasil porque acredito que tenham todo o apoio da família. Não digo apoio financeiro, ou psicológico, e sim o apoio prático de se revezar no cuidado do bebê.
Amo meu filho mais do que qualquer coisa na vida, mas a demanda é grande demais quando se mora fora do Brasil e muito longe da família.
Diz-se que ser mãe é padecer no paraíso. Paraíso sim, quando o bebê sorry, reconhece sua voz ou aprende algo novo por si só. Porém, padece-se muito durante o dia, e muito mais durante a noite. Não existe mais eu, e sim o bebê.
O Pai, por mais amoroso que seja, sempre ficará com a parte mais light do trabalho. Como minha licença maternidade é de um ano, ganhei de quebra 2 filhos. E tudo recai sobre a tal da licença.
Sou uma pessoa solitária, vivendo num enorme apartamento com meu filho e meu marido. Mas me sinto muito mais como uma prisioneira do meu filho e escrava do meu marido.....
Acabaram-se as sessões de manicure despreocupadas. Acabaram as depilações de toda quinzena. Academia é somente um valor a mais descontado de minha conta corrente. Simplesmente porque estou em licença maternidade, e portanto tenho obrigação, e tempo, para cuidar da casa e do meu filho....o resto, não é necessário....
Entretanto minha feminilidade e minha e minha vida estão se esvaindo junto com a licença....o que virá depois?

domingo, 6 de setembro de 2009

Ser mãe é

- Ser mãe é ter um dia de 24 horas para fazer o que um homem levaria 72 horas para fazer
- Ser mãe é acordar 1 segundo antes da mamada noturna
- Ser mãe é ficar preocupada a cada mudança não contida em livros de bebês
- Ser mãe é ficar feliz quando o bebê faz cocô
- Ser mãe é se alegrar quando o bebê arrota
- Ser mãe é ficar sem lavar o cabelo por 3 dias e o bebê mesmo assim querer ficar bem pertinho do seu pescoço
- Ser mãe é abdicar de sua carreira em prol de mais tempo com seu filho
- Ser mãe é ficar calada e engolir ¨sapos¨ enquanto amamenta seu filho e escuta bobagens do marido
- Ser mãe é ouvir a opinião da família inteira e ninguém ouvir a seu instinto materno
- Ser mãe é não ter tempo pra si mesma
- Ser mãe é cuidar do filho o dia inteiro e ainda ouvir que você faz pouco
- Ser mãe é estar cansada e ainda ter que ser mulher
- Ser mãe é velar o sono do bebê para se assegurar que ele respira
- Ser mãe é chorar escondido para que o filho não perceba sua tristeza
- Ser mãe é ver sua vida mudar em apenas 1 segundo
- Ser mãe é a melhor coisa do mundo

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Jugendamt

Hallöchen,

Esta semana recebi uma visita de uma agente do Jugendamt, traduzindo seria como uma assistente social. Seu objetivo não declarado era verificar se temos condição de criar nosso filho.

O processo todo se dá da seguinte maneira: o hospital se encarrega de assegurar que seu bebê será registrado e receberá uma certidão de nascimento. Em fazendo isso, o ¨cartório¨ que já faz parte do Burgeramt aciona toda a estrutura relacionada a nascimentos: Elternzeit, Elterngeld, Kindergeld, Jugendamt, Rentversicherung, Steurnummer un Kitagutschein (traduzindo: licença maternidade, salário maternidade, ajuda de custo para a criança, assistencia social, aposentadoria, número de contribuição social e cupom para escola).

Assim já recebemos do nosso pequeno quase 1kg de papel que temos que ler, arquivar e também providenciar novos processos.

Voltando à visita, a assistenten social vem com a desculpa de esclarecer dúvidas sobre o processo de amamentação, vida familiar, etc, e no meio da entrega de vários prospectos sobre homeopatia, grupos de desenvolvimento infantil e listas de escolas e parques, ela sutilmente pergunta onde o bebê dorme, pede pra ver, daí aproveita a oportunidade para ir completando sua pesquisa. Caso uma família apresente quadro de pobreza ou qualquer alteracao mental, esta senhora pode recomendar ao Estado que a criança seja retirada dos pais.

Felizmente passamos no teste e tenho que dizer que achei no mínimo interessante como se leva a sério as coisas por aqui. Fato é que o Estado intervem quando necessário e dão condição para que uma criança cresça de forma adequada.

Falando em Estado vale lembrar que aqui é uma Social Democracia, o que significa que os políticos e órgãos públicos exercem a democratia ao mesmo tempo que tentam ter uma visão socialista (não assistencialista e sim de dar condição social para integração pessoal).

Valeu a visita.

Gruß,

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Parto

Hallöchen,

Finalmente uma pequena pausa e posso escrever um pouquinho.

Vamos lá, retrocedendo um pouco quero comentar o parto. Eu tinha uma expectativa de parto normal, e como manda a tradição alemã, esperei até que a natureza agisse. Isto aconteceu com 2 semanas de atraso (uma gestação tem 40 semanas, a minha durou 42 pois aqui se aguarda 2 semanas após a data prevista do parto para provocar uma indução de nascimento).

Data de indução marcada, esperanças renovadas e lá fomos nós dormir. Por volta da 1 hora da manhã começaram minhas contrações espontâneamente. Fiquei louca de feliz, pois ali começava minha pequena saga rumo ao tão sonhado parto natural.

Como havia aprendido no curso de parto, esperei as contrações evoluirem até o intervalo de 10 minutos entre cada dor. Acordei meu esposo, tomei um banho e nos dirigimos ao hospital. Nisto já eram 6h30 da manhã. Cheguei no hospital por volta das 7h, com dores horrendas, mas feliz porque meu filho viria ao mundo pelo método natural, como nos filmes de cinema.

¨Bom dia, qual o intervalo entre as contrações, que horas começou...etc¨ - o procedimento que eu já conhecia. A enfermeira me encaminhou para uma sala de exames e verificou minha dilatação. Eu estava convencida de que já tinha 7 centímetros (é necessário 10cm para o bebê vir ao mundo sozinho). Momento da verdade: 0,5 cm. Pensei, ¨o que?¨ . Toda esta dor para meio centímetro?

Com um rosto meio sem expressão a enfermeira simplesmente me mandou caminhar por 2 horas, procedimento que eu temia, pois imagine você ficar andando, com dor, em circulos por 2 horas para provocar dilação. Bom, lá fomos, eu, as contrações e o coitado do meu marido. 3 passos, uma parada, menos uma contração.

Fui capaz de caminhar por 1 hora, porém as dores começaram a ficar insuportáveis e comecei a vomitar.

Voltamos para a sala da parto, e pelo tamanho da minha dor, pensei ¨agora vai¨. Que nada, agora eu tinha 2cm. A enfermeira já sem paciência me mandou tomar um banho de banheira (para relaxar e diminuir a sensação de dor, dizem que ajuda na dilatação). Lá fui para a banheira por meia hora. Realmente a intensidade da dor diminuiu, mas a dilatação não veio.

Ficamos então na sala de parto, com o monitor de batimentos cardíacos ligado em minha barriga. As contrações evoluindo, as dores aumentando, eu vomitando e nada de dilatação.

Já eram 14h quando não mais aguentei e solicitei a anestesia peridural, a qual eu havia previamente decidido não tomar. Anestesista, enfermeira e finalmente a ¨picada¨aliviadora.

Tive então praticamente 2 horas de relaxamento até o batimento cardíaco do guri começou a se alterar e resolveram fazer um exame na cabecinha dele. Quando picaram a cabecinha minha bolsa estourou e a água estava verde, o que significa presença de mecônio e também pode significar sofrimento fetal.

Imediatamente fui transferida para sala de operações e Lukas nasceu em 5 minutos através de uma cesariana.

Passada toda esta saga, meu sogro nos advertiu que no Brasil, mulheres com mais de 30 anos já não se aconselha parto normal, e que a espera de 2 semanas além da data do parto é um sofrimento desnecessário para a mãe e o bebê.

Coincidência ou não, outras 2 amigas minhas, também acima de 30, tiveram seus filhos por cesariana depois de um longo e sofrido trabalho de parto.

Assim, concluo este post dizendo que nem tudo na Alemanha é de primeiro mundo.

Gruß,

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Filhos


Hallöchen,


O sumiço se explica pelo nascimento do meu primeiro filho, que já completa 6 semanas. Assim, em homenagem a ele, e até minha próxima pausa pra escrever, segue o Poema Enjoadinho de Vinícius de Moraes.


Filhos...Filhos?

Melhor não tê-los!

Mas se não os temos

Como sabê-lo?

Se não os temos

Que de consulta

Quanto silêncio

Como o queremos!

Banho de mar

Diz que é um porrete...

Cônjuge voa

Transpõe o espaço

Engole água

Fica salgada

Se iodifica

Depois, que boa

Que morenaço

Que a esposa fica!

Resultado: filho.

E então começa

A aporrinhação:

Cocô está branco

Cocô está preto

Bebe amoníaco

Comeu botão.

Filho? Filhos

Melhor não tê-los

Noites de insônia

Cãs prematuras

Prantos convulsos

Meu Deus, salvai-o!

Filhos são o demo

Melhor não tê-los...

Mas se não os temos

Como sabê-los?

Como saber

Que macieza

Nos seus cabelos

Que cheiro morno

Na sua carne

Que gosto doce

Na sua boca!

Chupam gilete

Bebem xampu

Ateiam fogo

No quarteirão

Porém, que coisa

Que coisa louca

Que coisa linda

Que os filhos são!


Gruß,

quinta-feira, 12 de março de 2009

Fios, cabos e muita luz




Hallochen,




Deixando um pouco de lado o momento baby, até mesmo porque eu duvido que meu filho já saiba contar, esta noite me dei conta de uma diferença interessante entre Brasil e Alemanha: sistema de iluminação pública.




Estávamos vendo um filme americano e meu marido comentou em uma das cenas ¨está explicado porque temos tantos fios nas ruas brasileiras¨. Naquele momento não me deu nenhum clique até porque estava meio dormindo e meu marido tem o hábito de refletir sobre muitas coisas e conjecturar o porque e como delas.




Então, assistindo a um documentário de 1933, com imagens reais notei que não haviam cabos ou fios na iluminação pública já daquela época.




Notei também que a paisagem fica mais clean e não há riscos de enroscamento para caminhões (sowieso eles não podem trafegar no centro da cidade, mas mesmo em estradas não há cabos!!).




Os cabos aéreos são mais baratos de construir e não exigem muito trabalho de engenharia civil. Já os que temos aqui são cabos subterrâneos, o que faz com que os postes de luz fiquem a uma altura mais baixa do que as árvores, permitindo um iluminação muito mais eficiente (diferentemente da minha cidade natal que tem postes de 17m de altura - estou exagerando, mas eles são realmente altos - acima das árvores e que permitem uma bela noite de escuridão e uma parcela na conta da Copel).




Claro que este sistema é assim por algum motivo, seja ele neve, ventos fortes, caminhões, ou simplesmente o ideal de se construir coisas duráveis ao invés de descartáveis, mas uma coisa tenho que admitir: a paisagem fica muito mais bonita sem aqueles fios todos no ar.




Gruß,

quarta-feira, 11 de março de 2009

Kitta, Krippe, Tagesmutter, Tagespflege, Kindergarten...


Hallochen,




Estamos na contagem regressiva, faltando 13 dias. Quem sabe menos ou mais. Preferia que fosse menos...já não aguento mais a ansiedade para ver meu pimpolho e me livrar desta barriga incômoda.




Diferentemente do Brasil a Alemanha é um país Democrata mas com fortes influências socialistas. Por isso o estado se envolve muito na vida do cidadão. Isto não é diferente no quesito criança.




Umas das personalidades mais conhecidas da política alemã, depois da primeira ministra Angela Merkel, é a Ministra da Família, Idosos, Mulheres e Joventude (Bundesministerium für Familie, Senioren, Frauen und Jungend: http://www.bmfsfj.de/), Frau Ursula von der Leyen.



Este ministério tem a função de regulamentar tudo relativo a estes 4 assuntos, e focando um pouco no meu momento ¨baby¨, estou tentando entender melhor o sistema de ensino infantil.


Muitos nos disseram que necessitamos fazer a inscrição de nosso bebê agora, antes mesmo de ele nascer. Mas dando um step back, o que quero entender melhor é o funcionamento do ensino público versus o ensino privado (como funciona, quanto custa, quem paga o que, etc.)


Pesquisa vai, pesquisa vem e encontro estes termos Kita, Krippe, Tagesmutter, Tagespflege, Kindergarten....e confesso que não entendi patavina.


Por segurança (afinal sicher ist sicher) nosso baby já foi inscrito em 2 escolas privadas que deveremos visitar nas próximas semanas. Detalhe, ele está inscrito para uma vaga a partir de Abril/Maio de 2010. Existem mais 2 escolinhas na lista, que por serem dirigidas por igrejas ainda não descobrimos se são privadas ou públicas e que merecem uma visita por serem muito próximas de nossa casa.


Assim, aguardem cenas dos próximos capítulos.




Gruß,

quinta-feira, 5 de março de 2009

Doula e Hebamme


Hallochen,


Descobri recentemente que existem Hebammes no Brasil, apenas a nomenclatura é diferente. No Brasil elas se chamam Doulas.


Em uma rápida pesquisa encontrei algumas diferenças na atuação em si, que basicamente está relacionada à responsabilidade e reconhecimento profissional: Hebamme na Alemanha estuda 2 anos na faculdade e tem um certificado técnico. Para trabalhar precisa de um registro junto ao Conselho de Medicina e associação no Conselho de Hebammes. No Brasil as Doulas estão iniciando seu trabalho e com este nome ainda não têm reconhecimento profissional, acabam por serem enfermeiras que se especializam em parto natural.


Há também diferenças na etimologia: Doula vem do grego e significava a escrava que servia a outra mulher por ser mais experiente. Até hoje a palavra tem uma conotação negativa na Grécia, e muitas preferem o título de ¨Assistentes de Parto¨. Hebamme vem do alemão antigo e significa a ¨Avó que pega o recém nascido do chão¨(Hev(i)anna: „Großmutter, die das Neugeborene vom Boden aufhebt“), também é considerada uma ¨Ajudante de Parto¨ (Geburtshelferin).


Como cesariana é considerada uma cirurgia, e como tal deve ser evitada, o índice de parto normal é muito alto e a função da Hebamme muito importante. Por aqui existem as Feststellen Hebammen; Belege Hebammen e Nachsorgen Hebammen. Feststellen são as hebammes que trabalham em hospitais ou casas de parto e se revezam no atendimento de uma parturiente. As Beleges são profissinais autônomas que atendem a partiriente meses antes do parto fazendo o pré-natal e é a pessoa que faz o parto da parturiente e depois também fazem o Nachsorge. Nachsorge são as hebammes também autônomas que cuidam da parturiente em casa, ensinando a amamentar, dar banho e verificando sua recuperação. Esta última não participa do parto.


Nós decidimos por ter somente a Nachsorge Hebamme e contar com a experiência das Hebammes do hospital, pois um dos pontos negativos da Belege é que ela pode ter trabalhado com outra parturiente em um longo parto e estar muito cansada durante o seu parto.


Bom, agora faltam apenas 19 dias e espero que meu pequeno também esteja contando e saiba o que seu tempo está chegando.


Gruß,

P.s: Recebi uma correção e segue

"
A doula no Brasil e na Europa também é conhecida como Doula(a que foi minha tá em POrtugal agora)ela näo tem nenhuma funcäo médica ou de enfermeira, näo é autorizada nem a fazer o "toque" pra ver qto estamos de dilatacäo.A funcäo da Doula é servir apenas a gestante durante o trabalho de parto, com massagens ,auxiliando na respiracäo, exercícios com a bola entre outros.Talvez elas seriam como as Feststellen.
Aqui vai um link que explica tudo direitinho:http://www.doulas.com.br/doulas.html."

Obrigada Fernanda pelo seu Post.


terça-feira, 3 de março de 2009

Falta pouco

Hallochen,

Entramos na reta final. Hoje oficialmente entramos na semana gestacional 37, o que significa que o baby pode nascer a qualquer momento e não será mais considerado um bebê prematuro e sim um bebê de termo (bebês que nascem entre a semana 37 e 40; bebês que nascem entre 40 e 42 semanas são considerados pós-termo e podem sofrer complicações).

Estou ansiosa pra conhecer meu pequeno pimpolho e claro, com bastante medo também. Não estou com medo das dores, mas como boa ariana, tenho medo da possibilidade da impotência de ajudar meu filho caso algo aconteça. Não sou médica, e mesmo acreditando nas maravilhas que da natureza, algumas coisas simplesmente acontecem porque têm que acontecer. E é desta impotência que estou falando.

Mas continuo com o pensamento positivo, esperando pacienciosamente pela chegada desta pessoazinha que já é o ser mais importante na vida do pai e da mãe dele.

Gruß,

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Divagações 2

Hallochen,

Gravidez é uma fase incrível do ser humano. Todo deveriam poder ter um pouquinho das sensações.

Tem a fase inicial de ansiedade, quando se descobre o feto e se espera ansiosa pela barriga. Aí a barriga não vem tão rápido e então começa a fase onde não se tem uma nem uma barriga gorda nem a barriga grávida.

Quando no final do primeiro trimestre vem a fase de dores nas costas e no baixo ventre, sinal de que seu corpo está literalmente abrindo espaço para o útero. Fase realmente dolorida e resumindo em uma palavra, desconfortável.

Pronto, você já tem um pequeno volume e já se exibe em roupas de grávida. Tudo é lindo, você está disposta, alerta, acha a gravidez maravilhosa. Você ainda consegue dormir bem, apesar das idas ao banheiro.

No final do segundo trimestre muitas mulheres tem um retenção de líquido alta e consequentemente alguns outros desconfortos como pressão alta. Felizmente eu não tive problemas nesta fase, e ainda estava muito bem disposta.

Último trimestre, você engorda só de respirar. Aliás respirar nesta fase é um exercício quase de paciência. De repente aquela barriguinha que você até achava bonita se transforma em uma enorme melancia. Você não consegue mais ver seus pés e vestir as meias de compressão soa como um castigo medieval.

No último mês, este em que estou agora, você está implorando para que o bebê nasça logo e que o trabalho de parto dure pouco. Você tem dificuldades para sentar, levantar, calçar sapatos, agaxar ou andar um quarteirão. Mesmo que você não queira, sua pressão arterial aumenta e sua retenção de líquidos também aumenta, pois seu organismo está se preparando para uma grande circulação sanguínea no momento do parto, bem como para a perda do líquido aminiótico, então ele começa a reserva para que estes ítens não lhe faltem.

Ainda continuo embasbacada com a sabedoria da natureza, mas confesso que bastante desconfortável com os efeitos colaterais. Não sou uma pessoa que reage bem a dor e a ter que ficar quieta, e este período onde minha autonomia me foi retirada, pela natureza que está me ensinando a ser paciente, estou me sentindo como uma leoa selvagem enjaulada pela primeira vez.

Minha esperança é de que o parto seja bem curto e bem sucedido.

Aproveito para dar os parabéns aos futuros sogros dos meu filho que tiveram sua pequena já esta semana! Ela é simplesmente linda!

Bom fim de semana à todos.

Gruß,

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Licença maternidade


Hallochen,


Estou de licença maternidade há algumas semanas e gostaria de compartilhar com vocês alguns dados interessantes.


Todos sabem que no Brasil a mãe quase dá à luz no ambiente de trabalho, ou seja, se trabalha até o último momento.


A Alemanha, por ter passado por várias revoluções pessoais, feministas, trabalhistas e humanas tem uma filosofia de preservação com a maternidade. Um dos grandes motivos por trás disto é a baixa natalidade do país, então faz-se necessário um incentivo às mulheres para que engravidem.


Aqui existe o Mutterschultzfrist (licença maternidade), que consiste no período de 6 semanas antes da data prevista do parto e 8 semanas após o nascimento do bebê. Durante o período pré-parto a mãe é proibida de trabalhar e deve se dedicar aos cursos de preparação do parto, amamentação, documentação do registro da criança e outras atividades relaxantes para gestantes. Após o parto ela deve se dedicar a conhecer seu bebê e aproveitar o período de aleitamento.


Após o Mutterschultzfrist começa o Elternzeit, onde pai e mãe decidem quando tempo de dedicação total e exclusiva vão dar ao seu pimpolho. Este período pode ser de no mínimo 6 meses e no máximo 3 anos. O homem também pode tirar, desde que a mulher volte a trabalhar. Os primeiros 12 meses são remunerados, os demais não.


Escolhi ficar 12 meses no meu Elternzeit e meu esposo deve ficar algumas semanas apenas, pois seu trabalho não permite longas ausências. Decidimos por este tempo para que nosso baby tenha idade para entrar no Kindergarten (explico em outro posto como isto funciona).


Depois de toda esta explicação vem meu sentimento: após a 33 semana gestacional comecei a me sentir muito desconfortável no trabalho, e realmente sentia muitas dores e ficava nervosa, o que provavelmente não era bom para o bebê. Agora, na 36 semana gestacional vejo o quanto este período de proteção materna é bom e sinto muita pena das mães no Brasil que não podem desfrutar deste tempo. É realmente muito difícil se vestir, caminhar, respirar e ficar longe do toilette (a bexiga está mais comprimida do que nunca) e ficar cerca de 30 minutos em pé.


Assim, seguem alguns dados da Onu sobre a licença maternidade no mundo (favor não confundir com o Elternzeit):


Países:/ Tempo de licença / Salário quem paga

África do Sul: 16 semanas / A partir de 60%, conforme a renda Seguro-desemprego

Alemanha: 14 semanas/ 100% Previdência Social e empregador

Argentina: 12 semanas / 100% Previdência Social

Austrália: 52 semanas / 0%

Brasil: 17 semanas / 100% Previdência Social

Canadá: Até 18 semanas / dependendo do estado a partir de 60%, conforme a renda Seguro-desemprego

Chile: 18 semanas / 100% Previdência Social

Cuba: 18 semanas / 100% Previdência Social

Dinamarca: 18 semanas / (remuneração de 90%)

Egito: 1 mês e 20 dias

EUA: 12 semanas / 0%

Eslováquia: 7 meses

Itália: 20 semanas / 80% Previdência Social

Líbano: 7 semanas / 100% Previdência Social e empregador

Portugal: 18 semanas / 100% Previdência Social

Quênia: 2 meses

Reino Unido: 26 semanas / 90% Seguro-desempregoSuécia: 64 semanas / Variável Previdência Social (A licença pode ser dividida entre os pais)

Hungria: 6 meses


Fonte: Divisão de Estatísticas das Nações Unidas, 2005

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Divagações

Oi,

Não, ainda não morri....o blog só estava abandonado devido a férias bem curtidas no Brasil e dedicação à minha gestação.

Pois é, nem comentei aqui, mas já estamos na reta final: faltam apenas 4 semanas.

Ontem estivemos na GO e está tudo bem com o pequeno: coração forte e pulsante, 2,9kg e 45cm. Minha primeira pergunta à médica foi quanto media a cabeça, afinal na Alemanha Parto Cesariana é uma cirurgia, e como tal só é indicada em casos de compliação. Então, o guri tem uma medida encefálica de 9x11cm, o que me deixou preocupada, pois na minha matemática a dilatação chega a 10cm, o que significa que o pobrezinho vai ser exprimido e comprimido na sua saída.

Depois da consulta fiquei pensando em como a Natureza é perfeita, pois os bebês são praticamente maleáveis e seus ossinhos parecem mais uma gelatina muito endurecida, mas ainda assim maleável. Assim, a médica se despediu de mim com o já habitual ¨Keine Sorge¨ (não se preocupe) pois está tudo correndo lindamente e seu bebê provavelmente não terá dificuldades pra nascer. Bom, assim espero.

Ainda impressionada com a perfeição da natureza, o pequeno serzinho já está de cabeça pra baixo desde o início do sétimo mês, o que todos dizem que é muito bom, pois ele está na posição mais confortável possível (apesar de eu ter minhas dúvidas). Voltando a posição fetal: lá está ele há praticamente 2 meses de cabeça pra baixo com suas costas voltadas para o meu lado direito. Qual não foi meu desespero esta madrugada quando acordei com ele se batendo dentro de mim e notei que tinha algo muito duro no meu lado esquerdo. Pensei: ¨pronto, ontem fui a médica, e depois de tanto tempo este piá decidiu que de cabeça pra baixo não está confortável e quer ficar sentado¨. Conversei, pedi, implorei para ele voltar para posição original e expliquei que faltava pouco pra ele vir ao mundo, e claro, não dormi de preocupação, pois não conseguia saber exatamente em que posição ele estava e nem se estava sofrendo.

Hoje pela manha fomos ao Hospital para fazer nosso Anmeldung (inscrição preparatória do parto que deve ser feita 1 mês antes para que o hospital já tenha seu histórico médico e saiba que você entre um período de 2 semanas antes e 2 semanas depois da data prevista do parto pode aparecer a qualquer momento para ter o seu bebê). Papel pra lá, papel pra cá, muitas perguntas e no final pedi para a Hebamme (enfermeira especializada em parto) para que ela desse uma olhada na minha barriga pra ver se ele estava em alguma posição desconfortável ou perigosa. Qual na foi minha surpresa quando ela disse que ele era um garoto muito esperto, pois já tinha se encaixado e virado sua coluna para o meu lado esquerdo, onde tem menos órgãos internos, para ficar mais confortável e assim escorregar mais facilmente na hora H.

Agora me digam se a natureza realmente não é sábia?

Gruß,