sábado, 28 de fevereiro de 2009

Divagações 2

Hallochen,

Gravidez é uma fase incrível do ser humano. Todo deveriam poder ter um pouquinho das sensações.

Tem a fase inicial de ansiedade, quando se descobre o feto e se espera ansiosa pela barriga. Aí a barriga não vem tão rápido e então começa a fase onde não se tem uma nem uma barriga gorda nem a barriga grávida.

Quando no final do primeiro trimestre vem a fase de dores nas costas e no baixo ventre, sinal de que seu corpo está literalmente abrindo espaço para o útero. Fase realmente dolorida e resumindo em uma palavra, desconfortável.

Pronto, você já tem um pequeno volume e já se exibe em roupas de grávida. Tudo é lindo, você está disposta, alerta, acha a gravidez maravilhosa. Você ainda consegue dormir bem, apesar das idas ao banheiro.

No final do segundo trimestre muitas mulheres tem um retenção de líquido alta e consequentemente alguns outros desconfortos como pressão alta. Felizmente eu não tive problemas nesta fase, e ainda estava muito bem disposta.

Último trimestre, você engorda só de respirar. Aliás respirar nesta fase é um exercício quase de paciência. De repente aquela barriguinha que você até achava bonita se transforma em uma enorme melancia. Você não consegue mais ver seus pés e vestir as meias de compressão soa como um castigo medieval.

No último mês, este em que estou agora, você está implorando para que o bebê nasça logo e que o trabalho de parto dure pouco. Você tem dificuldades para sentar, levantar, calçar sapatos, agaxar ou andar um quarteirão. Mesmo que você não queira, sua pressão arterial aumenta e sua retenção de líquidos também aumenta, pois seu organismo está se preparando para uma grande circulação sanguínea no momento do parto, bem como para a perda do líquido aminiótico, então ele começa a reserva para que estes ítens não lhe faltem.

Ainda continuo embasbacada com a sabedoria da natureza, mas confesso que bastante desconfortável com os efeitos colaterais. Não sou uma pessoa que reage bem a dor e a ter que ficar quieta, e este período onde minha autonomia me foi retirada, pela natureza que está me ensinando a ser paciente, estou me sentindo como uma leoa selvagem enjaulada pela primeira vez.

Minha esperança é de que o parto seja bem curto e bem sucedido.

Aproveito para dar os parabéns aos futuros sogros dos meu filho que tiveram sua pequena já esta semana! Ela é simplesmente linda!

Bom fim de semana à todos.

Gruß,

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Licença maternidade


Hallochen,


Estou de licença maternidade há algumas semanas e gostaria de compartilhar com vocês alguns dados interessantes.


Todos sabem que no Brasil a mãe quase dá à luz no ambiente de trabalho, ou seja, se trabalha até o último momento.


A Alemanha, por ter passado por várias revoluções pessoais, feministas, trabalhistas e humanas tem uma filosofia de preservação com a maternidade. Um dos grandes motivos por trás disto é a baixa natalidade do país, então faz-se necessário um incentivo às mulheres para que engravidem.


Aqui existe o Mutterschultzfrist (licença maternidade), que consiste no período de 6 semanas antes da data prevista do parto e 8 semanas após o nascimento do bebê. Durante o período pré-parto a mãe é proibida de trabalhar e deve se dedicar aos cursos de preparação do parto, amamentação, documentação do registro da criança e outras atividades relaxantes para gestantes. Após o parto ela deve se dedicar a conhecer seu bebê e aproveitar o período de aleitamento.


Após o Mutterschultzfrist começa o Elternzeit, onde pai e mãe decidem quando tempo de dedicação total e exclusiva vão dar ao seu pimpolho. Este período pode ser de no mínimo 6 meses e no máximo 3 anos. O homem também pode tirar, desde que a mulher volte a trabalhar. Os primeiros 12 meses são remunerados, os demais não.


Escolhi ficar 12 meses no meu Elternzeit e meu esposo deve ficar algumas semanas apenas, pois seu trabalho não permite longas ausências. Decidimos por este tempo para que nosso baby tenha idade para entrar no Kindergarten (explico em outro posto como isto funciona).


Depois de toda esta explicação vem meu sentimento: após a 33 semana gestacional comecei a me sentir muito desconfortável no trabalho, e realmente sentia muitas dores e ficava nervosa, o que provavelmente não era bom para o bebê. Agora, na 36 semana gestacional vejo o quanto este período de proteção materna é bom e sinto muita pena das mães no Brasil que não podem desfrutar deste tempo. É realmente muito difícil se vestir, caminhar, respirar e ficar longe do toilette (a bexiga está mais comprimida do que nunca) e ficar cerca de 30 minutos em pé.


Assim, seguem alguns dados da Onu sobre a licença maternidade no mundo (favor não confundir com o Elternzeit):


Países:/ Tempo de licença / Salário quem paga

África do Sul: 16 semanas / A partir de 60%, conforme a renda Seguro-desemprego

Alemanha: 14 semanas/ 100% Previdência Social e empregador

Argentina: 12 semanas / 100% Previdência Social

Austrália: 52 semanas / 0%

Brasil: 17 semanas / 100% Previdência Social

Canadá: Até 18 semanas / dependendo do estado a partir de 60%, conforme a renda Seguro-desemprego

Chile: 18 semanas / 100% Previdência Social

Cuba: 18 semanas / 100% Previdência Social

Dinamarca: 18 semanas / (remuneração de 90%)

Egito: 1 mês e 20 dias

EUA: 12 semanas / 0%

Eslováquia: 7 meses

Itália: 20 semanas / 80% Previdência Social

Líbano: 7 semanas / 100% Previdência Social e empregador

Portugal: 18 semanas / 100% Previdência Social

Quênia: 2 meses

Reino Unido: 26 semanas / 90% Seguro-desempregoSuécia: 64 semanas / Variável Previdência Social (A licença pode ser dividida entre os pais)

Hungria: 6 meses


Fonte: Divisão de Estatísticas das Nações Unidas, 2005

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Divagações

Oi,

Não, ainda não morri....o blog só estava abandonado devido a férias bem curtidas no Brasil e dedicação à minha gestação.

Pois é, nem comentei aqui, mas já estamos na reta final: faltam apenas 4 semanas.

Ontem estivemos na GO e está tudo bem com o pequeno: coração forte e pulsante, 2,9kg e 45cm. Minha primeira pergunta à médica foi quanto media a cabeça, afinal na Alemanha Parto Cesariana é uma cirurgia, e como tal só é indicada em casos de compliação. Então, o guri tem uma medida encefálica de 9x11cm, o que me deixou preocupada, pois na minha matemática a dilatação chega a 10cm, o que significa que o pobrezinho vai ser exprimido e comprimido na sua saída.

Depois da consulta fiquei pensando em como a Natureza é perfeita, pois os bebês são praticamente maleáveis e seus ossinhos parecem mais uma gelatina muito endurecida, mas ainda assim maleável. Assim, a médica se despediu de mim com o já habitual ¨Keine Sorge¨ (não se preocupe) pois está tudo correndo lindamente e seu bebê provavelmente não terá dificuldades pra nascer. Bom, assim espero.

Ainda impressionada com a perfeição da natureza, o pequeno serzinho já está de cabeça pra baixo desde o início do sétimo mês, o que todos dizem que é muito bom, pois ele está na posição mais confortável possível (apesar de eu ter minhas dúvidas). Voltando a posição fetal: lá está ele há praticamente 2 meses de cabeça pra baixo com suas costas voltadas para o meu lado direito. Qual não foi meu desespero esta madrugada quando acordei com ele se batendo dentro de mim e notei que tinha algo muito duro no meu lado esquerdo. Pensei: ¨pronto, ontem fui a médica, e depois de tanto tempo este piá decidiu que de cabeça pra baixo não está confortável e quer ficar sentado¨. Conversei, pedi, implorei para ele voltar para posição original e expliquei que faltava pouco pra ele vir ao mundo, e claro, não dormi de preocupação, pois não conseguia saber exatamente em que posição ele estava e nem se estava sofrendo.

Hoje pela manha fomos ao Hospital para fazer nosso Anmeldung (inscrição preparatória do parto que deve ser feita 1 mês antes para que o hospital já tenha seu histórico médico e saiba que você entre um período de 2 semanas antes e 2 semanas depois da data prevista do parto pode aparecer a qualquer momento para ter o seu bebê). Papel pra lá, papel pra cá, muitas perguntas e no final pedi para a Hebamme (enfermeira especializada em parto) para que ela desse uma olhada na minha barriga pra ver se ele estava em alguma posição desconfortável ou perigosa. Qual na foi minha surpresa quando ela disse que ele era um garoto muito esperto, pois já tinha se encaixado e virado sua coluna para o meu lado esquerdo, onde tem menos órgãos internos, para ficar mais confortável e assim escorregar mais facilmente na hora H.

Agora me digam se a natureza realmente não é sábia?

Gruß,