domingo, 21 de fevereiro de 2010

Kitaplaz


Hallöchen,

Este post é para comemorar que meu pequeno príncipe foi aceito em um Kindergarten, ou vulga escolinha. Ele já poderá começar no dia 07 de abril, o que para mim é ótimo, pois vou voltar a trabalhar no dia 06 de abril. Vamos ver como será a fase de adaptação. Depois conto tudo.

O Kindergarten, ou Kita (abreviação em alemão), ou em bom português "escolinha", é bem parecido com o do Brasil. A única diferença é que não é você quem escolhe a escola, e sim, a escola é que escole você.

Você pode inscrever seu filho em uma escolinha do seu bairro, ou em uma perto do seu trabalho. Como a maioria são escolinhas do governo, é necessário que você inscreva seu filho enquanto você ainda está grávida. Motivo? A quantidade de vagas. A licença maternidade é de 1 a 3 anos. A partir de 3 anos a vaga é garantida para qualquer criança. O estado (Governo) entende que se há uma licença maternidade de 3 anos é para que a mãe fique em casa com o baby até que ele tenha idade para frequentar a "escolinha". Por outro lado, as empresas preferem que as mãezinhas não fiquem tanto tempo longe do trabalho, e voltem o quanto antes (o que é meu caso). Assim, para que seu filho seja aceito antes de ter 3 anos você deve iniciar a maratona ainda grávida. Pesquisar, visitar e inscrever o baby.

Como funciona: todas as escolinhas, por lei, são obrigadas a ter um número mínimo de bebês a partir de 1 ano. A grande pegadinha está em quando o baby faz 1 aninho. Se o baby faz 1 aninho fora do ano letivo, terá que esperar até o próximo para ser aceito. Este foi o meu caso.

Lukas nasceu em Abril, o que significa que ele teria 1 ano bem no meio do ano letivo. O ano letivo aqui começa em Agosto/Setembro. Assim, em agosto passado ele ainda não tinha idade para ir para escola, e em Agosto próximo ele já teria 1 ano e meio. O problema é que peguei 1 ano de licença maternidade, o que significa que tenho que voltar quando ele completar 1 ano.

Bom, tínhamos um problema: nenhuma escola tinha vaga para ele em Abril. Somente se algum aluno passasse para a próxima turma, morresse ou se mudasse. Assim, este post é para comemorar que ele conseguiu ser aceito por uma das 10 escolas em que ele foi inscrito. Não me pergunte qual foi o caso, pois sinceramente eu fiquei tão feliz que nem perguntei à diretora.

Lá traz eu disse que é a escolinha que escolhe você e não o contrário. Por que? Porque, dependendo da escola, eles dão preferência para filhos de alemães, depois para filhos de estrangeiros, e se for uma escola regida por uma igreja, eles dão preferência para as crianças filhas de pais pagantes do "kirchsteuer" (já comentei sobre isso aqui). Ahh, e você tem que ligar frequentemente para escola e reafirmar seu interesse.

Bom, o importante é que vou poder voltar a trabalhar e meu filho vai poder ir para escola.

Gruß

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Elevador e Garagem, como fazem falta!


Hallöchen,

Sumida, sumida...hehe, não tem desculpa. Ou melhor tem sim: 3 meses de férias na casa de meus pais e meus sogros no Brasil. Foi ótimo, um descanso, e foi muito bom principalmente para Lukas que ficou muito à vontade com o verão Brasileiro.

Sabem que gosto de escrever sobre as diferenças Brasil e Alemanha, e tenho que dar pontos neste post para o Brasil.

No meu prédio aqui em Berlim tenho por sorte elevador. É um elevador que foi adaptado do lado de fora do prédio, mas já uma ajuda com as compras, bebê e tudo o mais. O lado ruim é que é um elevador para transportar pessoa, e foi colocado ali como um auxílio. Ou seja, ele não foi planejado para ser usado por mais do que 2 pessoas.

Quando compramos o carrinho de bebê do Lukas, nem passou por nossa cabeça que a largura da porta do elevador poderia ser um fator importante na compra deste utensílio. Qual não foi nossa surpresa, quando chegamos em casa e o carrinho não entrava na porta. Tentamos de várias maneiras, e nada. O carrinho simplesmente é mais largo do que a porta. E agora? O que fazer? Subir os 5 andares de escada? Depois de muito matutar, e por sorte sou casada com um engenheiro, ele teve a brilhante idéia de retirar as rodas traseiras, que eram as mais largas. E pronto! Conseguimos entrar com o carrinho.

Tudo isso pra dizer que senti um conforto enorme no Brasil em poder entrar e sair de elevadores sem me preocupar com a largura da porta, e passar tranquilamente com Lukas por qualquer porta de elevador.

Outra coisa que eu não sabia que ia amar, e agora sentir falta. Praticamente todos os edifícios no Brasil tem garagem no subsolo. Ou seja, você entra no elevador no seu andar e desce até a garagem onde seu carro a espera. Diferentemente de Berlim, onde quase todos os prédios são antigos e restaurados, com no máximo 5 andares, e a garagem fica......na rua. Exatamente, você desce, e entra no seu carro na rua. Estacionado como tantos outros perto do seu prédio.

No verão eu não senti tanto problema, a não ser ter que todos os dias buscar uma vaga para estacionar perto do prédio. Mas, agora no inverno, é terrível descer com criança e ainda andar bem devagarinho sobre a neve que já congelou, e ter sorte de não escorregar até chegar no carro. Então retirar a neve do pára-brisa, vidros e portas laterais, e só então poder entrar no carro.

Mas é a vida, e tenho que admitir que eu já estava sentindo falta de Berlim depois deste tempo todo no Brasil.

Gruss,

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Eisamkeit

Me sinto só, e não é que nunca me senti assim, a coisa apenas se agravou.
Não sei como se sentem as mães no Brasil porque acredito que tenham todo o apoio da família. Não digo apoio financeiro, ou psicológico, e sim o apoio prático de se revezar no cuidado do bebê.
Amo meu filho mais do que qualquer coisa na vida, mas a demanda é grande demais quando se mora fora do Brasil e muito longe da família.
Diz-se que ser mãe é padecer no paraíso. Paraíso sim, quando o bebê sorry, reconhece sua voz ou aprende algo novo por si só. Porém, padece-se muito durante o dia, e muito mais durante a noite. Não existe mais eu, e sim o bebê.
O Pai, por mais amoroso que seja, sempre ficará com a parte mais light do trabalho. Como minha licença maternidade é de um ano, ganhei de quebra 2 filhos. E tudo recai sobre a tal da licença.
Sou uma pessoa solitária, vivendo num enorme apartamento com meu filho e meu marido. Mas me sinto muito mais como uma prisioneira do meu filho e escrava do meu marido.....
Acabaram-se as sessões de manicure despreocupadas. Acabaram as depilações de toda quinzena. Academia é somente um valor a mais descontado de minha conta corrente. Simplesmente porque estou em licença maternidade, e portanto tenho obrigação, e tempo, para cuidar da casa e do meu filho....o resto, não é necessário....
Entretanto minha feminilidade e minha e minha vida estão se esvaindo junto com a licença....o que virá depois?

domingo, 6 de setembro de 2009

Ser mãe é

- Ser mãe é ter um dia de 24 horas para fazer o que um homem levaria 72 horas para fazer
- Ser mãe é acordar 1 segundo antes da mamada noturna
- Ser mãe é ficar preocupada a cada mudança não contida em livros de bebês
- Ser mãe é ficar feliz quando o bebê faz cocô
- Ser mãe é se alegrar quando o bebê arrota
- Ser mãe é ficar sem lavar o cabelo por 3 dias e o bebê mesmo assim querer ficar bem pertinho do seu pescoço
- Ser mãe é abdicar de sua carreira em prol de mais tempo com seu filho
- Ser mãe é ficar calada e engolir ¨sapos¨ enquanto amamenta seu filho e escuta bobagens do marido
- Ser mãe é ouvir a opinião da família inteira e ninguém ouvir a seu instinto materno
- Ser mãe é não ter tempo pra si mesma
- Ser mãe é cuidar do filho o dia inteiro e ainda ouvir que você faz pouco
- Ser mãe é estar cansada e ainda ter que ser mulher
- Ser mãe é velar o sono do bebê para se assegurar que ele respira
- Ser mãe é chorar escondido para que o filho não perceba sua tristeza
- Ser mãe é ver sua vida mudar em apenas 1 segundo
- Ser mãe é a melhor coisa do mundo

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Jugendamt

Hallöchen,

Esta semana recebi uma visita de uma agente do Jugendamt, traduzindo seria como uma assistente social. Seu objetivo não declarado era verificar se temos condição de criar nosso filho.

O processo todo se dá da seguinte maneira: o hospital se encarrega de assegurar que seu bebê será registrado e receberá uma certidão de nascimento. Em fazendo isso, o ¨cartório¨ que já faz parte do Burgeramt aciona toda a estrutura relacionada a nascimentos: Elternzeit, Elterngeld, Kindergeld, Jugendamt, Rentversicherung, Steurnummer un Kitagutschein (traduzindo: licença maternidade, salário maternidade, ajuda de custo para a criança, assistencia social, aposentadoria, número de contribuição social e cupom para escola).

Assim já recebemos do nosso pequeno quase 1kg de papel que temos que ler, arquivar e também providenciar novos processos.

Voltando à visita, a assistenten social vem com a desculpa de esclarecer dúvidas sobre o processo de amamentação, vida familiar, etc, e no meio da entrega de vários prospectos sobre homeopatia, grupos de desenvolvimento infantil e listas de escolas e parques, ela sutilmente pergunta onde o bebê dorme, pede pra ver, daí aproveita a oportunidade para ir completando sua pesquisa. Caso uma família apresente quadro de pobreza ou qualquer alteracao mental, esta senhora pode recomendar ao Estado que a criança seja retirada dos pais.

Felizmente passamos no teste e tenho que dizer que achei no mínimo interessante como se leva a sério as coisas por aqui. Fato é que o Estado intervem quando necessário e dão condição para que uma criança cresça de forma adequada.

Falando em Estado vale lembrar que aqui é uma Social Democracia, o que significa que os políticos e órgãos públicos exercem a democratia ao mesmo tempo que tentam ter uma visão socialista (não assistencialista e sim de dar condição social para integração pessoal).

Valeu a visita.

Gruß,

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Parto

Hallöchen,

Finalmente uma pequena pausa e posso escrever um pouquinho.

Vamos lá, retrocedendo um pouco quero comentar o parto. Eu tinha uma expectativa de parto normal, e como manda a tradição alemã, esperei até que a natureza agisse. Isto aconteceu com 2 semanas de atraso (uma gestação tem 40 semanas, a minha durou 42 pois aqui se aguarda 2 semanas após a data prevista do parto para provocar uma indução de nascimento).

Data de indução marcada, esperanças renovadas e lá fomos nós dormir. Por volta da 1 hora da manhã começaram minhas contrações espontâneamente. Fiquei louca de feliz, pois ali começava minha pequena saga rumo ao tão sonhado parto natural.

Como havia aprendido no curso de parto, esperei as contrações evoluirem até o intervalo de 10 minutos entre cada dor. Acordei meu esposo, tomei um banho e nos dirigimos ao hospital. Nisto já eram 6h30 da manhã. Cheguei no hospital por volta das 7h, com dores horrendas, mas feliz porque meu filho viria ao mundo pelo método natural, como nos filmes de cinema.

¨Bom dia, qual o intervalo entre as contrações, que horas começou...etc¨ - o procedimento que eu já conhecia. A enfermeira me encaminhou para uma sala de exames e verificou minha dilatação. Eu estava convencida de que já tinha 7 centímetros (é necessário 10cm para o bebê vir ao mundo sozinho). Momento da verdade: 0,5 cm. Pensei, ¨o que?¨ . Toda esta dor para meio centímetro?

Com um rosto meio sem expressão a enfermeira simplesmente me mandou caminhar por 2 horas, procedimento que eu temia, pois imagine você ficar andando, com dor, em circulos por 2 horas para provocar dilação. Bom, lá fomos, eu, as contrações e o coitado do meu marido. 3 passos, uma parada, menos uma contração.

Fui capaz de caminhar por 1 hora, porém as dores começaram a ficar insuportáveis e comecei a vomitar.

Voltamos para a sala da parto, e pelo tamanho da minha dor, pensei ¨agora vai¨. Que nada, agora eu tinha 2cm. A enfermeira já sem paciência me mandou tomar um banho de banheira (para relaxar e diminuir a sensação de dor, dizem que ajuda na dilatação). Lá fui para a banheira por meia hora. Realmente a intensidade da dor diminuiu, mas a dilatação não veio.

Ficamos então na sala de parto, com o monitor de batimentos cardíacos ligado em minha barriga. As contrações evoluindo, as dores aumentando, eu vomitando e nada de dilatação.

Já eram 14h quando não mais aguentei e solicitei a anestesia peridural, a qual eu havia previamente decidido não tomar. Anestesista, enfermeira e finalmente a ¨picada¨aliviadora.

Tive então praticamente 2 horas de relaxamento até o batimento cardíaco do guri começou a se alterar e resolveram fazer um exame na cabecinha dele. Quando picaram a cabecinha minha bolsa estourou e a água estava verde, o que significa presença de mecônio e também pode significar sofrimento fetal.

Imediatamente fui transferida para sala de operações e Lukas nasceu em 5 minutos através de uma cesariana.

Passada toda esta saga, meu sogro nos advertiu que no Brasil, mulheres com mais de 30 anos já não se aconselha parto normal, e que a espera de 2 semanas além da data do parto é um sofrimento desnecessário para a mãe e o bebê.

Coincidência ou não, outras 2 amigas minhas, também acima de 30, tiveram seus filhos por cesariana depois de um longo e sofrido trabalho de parto.

Assim, concluo este post dizendo que nem tudo na Alemanha é de primeiro mundo.

Gruß,

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Filhos


Hallöchen,


O sumiço se explica pelo nascimento do meu primeiro filho, que já completa 6 semanas. Assim, em homenagem a ele, e até minha próxima pausa pra escrever, segue o Poema Enjoadinho de Vinícius de Moraes.


Filhos...Filhos?

Melhor não tê-los!

Mas se não os temos

Como sabê-lo?

Se não os temos

Que de consulta

Quanto silêncio

Como o queremos!

Banho de mar

Diz que é um porrete...

Cônjuge voa

Transpõe o espaço

Engole água

Fica salgada

Se iodifica

Depois, que boa

Que morenaço

Que a esposa fica!

Resultado: filho.

E então começa

A aporrinhação:

Cocô está branco

Cocô está preto

Bebe amoníaco

Comeu botão.

Filho? Filhos

Melhor não tê-los

Noites de insônia

Cãs prematuras

Prantos convulsos

Meu Deus, salvai-o!

Filhos são o demo

Melhor não tê-los...

Mas se não os temos

Como sabê-los?

Como saber

Que macieza

Nos seus cabelos

Que cheiro morno

Na sua carne

Que gosto doce

Na sua boca!

Chupam gilete

Bebem xampu

Ateiam fogo

No quarteirão

Porém, que coisa

Que coisa louca

Que coisa linda

Que os filhos são!


Gruß,