terça-feira, 30 de novembro de 2010

Inúteis

Innnntão que a correria está enorme. Esta estória de mudança está me deixando louquinha da silva. É cartão de natal para o mundo inteiro, é colagem da escolinha do Pitico, é trainning para outras pessoas que vão absorver minha função, é fazer lista de tudo que preciso cancelar antes de ir embora. Enfim, uma loucura. Para ajudar está bem friozinho, tipo -10ºC de sensação térmica, uma delícia.

Mas hoje estou aproveitando meu espaço para falar de como há brazucas de mal com a vida. Como estou meio ansiosa e com muitas dúvidas sobre onde morar, escola, casa etc, e temos que concordar que Nova York não é Berlim, resolvi fazer uma busca e tentar encontrar sites que davam dicas do tio, evite este bairro, encontre isso ali, faça assim, faça assado. Encontrei vários blogs de brazucas vivendo nos estates. Todos lindos, falando disso, daquilo, e ultra mega high techs. Resolvi escrever e pedir um help, tipo com os Brookers que tipo de documento ou pegadinha eu preciso ficar atenta. Coisas que você não descobre no site da imobiliária, e sim, só depois que foi pego na arapuca. Coisas que aqui eu sempre tentei escrever e tentar dar uma luz para os leitores. Sabem o que aconteceu? NADINHA, algumas simpáticas até apagaram meu post. Aí mudei o foco, busquei blogs de alemãs morando nos estates. Sabem o que aconteceu? Todas responderam, deram dicas, mandaram links, fotos e telefones de imobliárias mais justas. Deram realmente o mapa da mina localizando bem direitinho todos os perigos do caminho.

Fico tão triste e passada com essas coisas que chego a conclusão de que é por isso que o Brasil é o que é. É por isso que existe tanta indiferença por tudo. As pessoas querem saber somente de si próprias e já que chegaram lá, melhor apagar as pegadas....Não são todas, não dá para generalizar, eu sei. Mas que existe gente ruim neste mundo, há existe.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Baby oder Kleinkind



Innntão que Pitico acordou esta madrugada e não quis mais saber de dormir. Dei mamadeira, troquei fralda, cantei, e nada. Resultado, como Mozão estava viajando, e é ele que tomba Pitico nestas horas, levei minha cria para dormir comigo.

Entre cantar Meu Pintinho Amarelinho, Der kuku und der Esel e My Way (Sim, Pitico sempre gostou de Frank Sinatra, e uffa, sempre funciona), fiquei lá pensando no meu baby, onde é que ele foi parar?

Não, Pitico não sumiu, explico: na Alemanha há 2 palavras muito usada para crianças que as diferenciam muito. Por exemplo Baby é realmente para bebês e Kleinkind seria algo como criança pequena, mas aqui se usa exatamente a partir dos 18 meses.

Fiquei lá, no escuro, pensando, cantarolando para meu menino de quase 20 meses, e que agora oficialmente é um Klein Kind. Meu Deus, o meu baby cresceu! Mas eu ainda me lembro dele deitadinho no acolchoado no chão se virando de barriga pra baixo. Uau, uma piscada e ele rolou. Depois ficava horas tentando voltar para posição inicial. Daí para começar a se arrastar foi outra piscada de olhos. Bam, lá estava meu bebê embaixo do sofá, esfregando sua barriga pelo chão. Um descuido e o meu bebê já estava sentando sozinho, logo depois se agarrando nos móveis e treinando os primeiros passos. Entre bundadas e levantadas um belo dia meu bebê deu seu primeiro passo sozinho, e depois outro e não parou mais.

Ainda ontem ele falava Mamamamamamam, de repente pela manhã foi Mama Kult (ele queria Yakult). Logo em seguida, com suas botas de inverno nas mãozinhas veio perguntando “Ich trabaiá” (algo como eu vou trabalhar, mas trabalhar para ele significa ir para escolinha, notaram a bilingualidade?). E então notei que meu bebê agora é um menino.

Ai, meu filho, como é difícil essa sua vida de Kleinkind. Vejo você querendo comer sozinho, mas acertando apenas 50% das colheradas na boca. Leva uma vida para comer tudo, mas me contenho em te ajudar, pois você quer fazer sozinho. As roupas que quero te vestir já não te interessam mais, você quer escolher e vestir sozinho. No banho, sempre me faz sinal com as mãozinhas de que precisa de mais 5 minutos, e eu deixo. Mas na hora de dormir, quando me beija e me diz tchau-tchau, você ainda é meu bebê.

Esta noite foi assim, eu e meu bebê, madrugada a fora, cantando e vendo a neve cair até adormecermos, cansandos de tanto pensar.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Cerveja


Innntão que recebi este texto da Sogrona....e achei muito bom! Divirtam-se!!!
Você vai ao bar e bebe uma cerveja.
Bebe a segunda cerveja.
A terceira e assim por diante...
O teu estomago manda uma mensagem pro teu cérebro dizendo:

"- Caracaaaa, véi! O maluco tá bebendo muito liquido, tô cheião!"

Teu estômago e teu cérebro não distinguem que tipo de liquido está sendo ingerido,
eles sabem apenas que "é líquido".
Quando o cérebro recebe essa mensagem ele diz:

" - Pô, o cara tá maluco!"

E manda a seguinte mensagem para os Rins:

" - Meu... filtra o máximo de sangue que tu puder, o cara aí tá maluco e tá
bebendo muito líquido, vamos botar isso tudo para fora"

O Rim começa a fazer até hora-extra e filtra muito sangue e enche rápido.
Daí vem a primeira corrida ao banheiro.
Se você notar, esse 1º xixi é com a cor normal, meio amarelado,
porque além de água, vem as impurezas do sangue.
O RIM aliviou a vida do estômago, mas você continua bebendo
e o estomago manda outra mensagem para o CÉREBRO...

" - Cara, ele não pára, socorro!"

e o CÉREBRO manda outra mensagem pro RIM

" - Véi, estica a baladeira, manda ver aí na filtragem!"

O RIM filtra feito um louco, só que agora,
o que ele expulsa não é o alcool,
ele manda para bexiga apenas ÁGUA (o líquido precioso do corpo).
Por isso que as urinadas  seguintes são transparentes ? porque é água.
E quanto mais você continua bebendo, mas o organismo joga água para fora
e o teor de alcool no organismo aumenta, e você  fica mais "bunitim".
Chega uma hora que você está com o teor alcoólico tão alto que teu CEREBRO desliga você.
Essa é a hora que você desmaia... dorme... capota...
Ele faz isso porque  pensa
" - Meu, o cara está afim de se matar, tá bebendo veneno para o corpo,
vou apagar esse doido para ver se assim ele pára de beber
e a gente tenta expulsar esse álcool do corpo dele"

Enquanto você está lá, apagado (sem dono), o CÉREBRO dá a seguinte ordem pro sangue:

" - Bicho, apaguei o cara, agora a gente tem que tirar esse veneno do corpo dele.
O plano é o seguinte, como a gente está com o nível de água muito baixo,
passa em todos os órgãos e tira a água deles e assim a gente consegue jogar esse veneno fora".

O SANGUE é como se fosse o Boy do corpo.
E como um bom Boy, ele obedece as ordens direitinho e por isso começa a retirar água de todos os órgãos.
Como o CEREBRO é constituido de 75% de água, ele é o que mais sofre com essa "ordem"
e daí vêm as terríveis dores de cabeça da ressaca.
Então, sei que na hora a gente nem pensa nisso, mas quando for beber,
beba de meia em meia hora um copo dágua, porque na medida que você urina, já repõe a água.
(Texto retirado do “O bar do Zé”)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

New York


Innnntão que estes últimos dias foram uma correria e não pude vir aqui com muita frequência, mas hoje venho com uma bomba.
Esta que vos escreve vai deixar de ser uma quase alemã.....para se tornar quase uma americana. Sim estamos de mudança, e sim DE NOVO, e não não sabemos quanto tempo vamos ficar, talvez 2 anos, talvez menos, depende de quanto eu vou enlouquecer desta vez.

Eu estou numa choradeira só. Cada vez que eu penso, eu choro. Hoje entreguei minha carta de demissão para o RH quase pedindo para eles dizerem que não podem me liberar cedo, que pela lei alemã eu tenho 1 ano de desligamento, etc... A boa notícia é que a fofa do RH vai tentar me transferir para a empresa em NY, assim não fico tão longe.

Tudo vem ocorrendo já há algum tempo, mas eu custava a acreditar que ia se realizar, e confesso até que eu estava torcendo para não dar certo e a gente continuar aqui no meu paraíso (AMO Alemanha, AMO Berlim). Fato é que agora tenho que resolver um monte de pendenga para poder sair deste país maravilhoso de bem com todo mundo. Quero tentar manter meu visto e tentar minha cidadania mais tarde, tem um monte de contrato para encerrar, carro para vender, móveis, roupas, brinquedos....aff, já cansei e estou aqui chorando de volta.

Quero crer que a mudança vai ser para melhor. Quero crer que eu e minha família vamos encontrar a Felicidade lá antes mesmo da gente chegar, pois por enquanto, pra mim, a Felicidade mora em Berlim. Estou e vou fazer de tudo para me adaptar e viver neste novo mundo.

Agora, momento HELP, alguém aí tem dicas para me dar? Tipo onde morar, que bairros evitar, quanto custa meu Deus para viver lá....dúvidas, dúvidas, dúvidas.....

Ainda no momento HELP, alguém quer comprar meu carro? Leasing baratinho. Mas tem que prometer que vai cuidar bem da Lucy (meu carro).

Já estou com saudades....

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Só passei pra dar um oi

Innntão que aqui estou eu de cabelos curtos, e morena.

Adoro uma mudança, sou inquieta, mas acho que desta vez exagerei. Estou me estranhando. Mas acho que logo passa.

Comecei a decoração de Natal, já colocamos tudo pela casa, mas ainda quero árvore, presente, etc. Estou empolgada com os Weihnachtsmarkets (eu si, palavrinha difícil, mas só quer dizer mercados de natal).

Aqui na frente do escritório já montaram até a roda gigante, está lindo e começa na terça-feira. Um amigo meu vai expor os produtos da sua marca Cuadrado. Pitico é garoto propaganda das camisetas infatis, fica fofo numa camiseta com o Bambi escrito Tiger embaixo.

Fim de semana chegando e espero conseguir finalizar minhas compras de natal e enviar os cartões. Estou super preocupada se tudo vai caber na mala ahahaha, e olha que já compramos outra mala grande para a viagem. Não vamos todo dia para o Brasil, innntão temos que caprichar.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Dia de Fúria, consolo e planos de futuro

Meninas, super obrigada pels emails sobre o post de ontem! É bom saber que tem gente “por perto” para te dar um bom conselho e conforto.

O dia de fúria passou, tive 3 horas livres ontem que ganhei de Mozão. Mozão entende meu drama e ajuda muito nesta nossa estadia fora do Brasil.

Hoje tenho mais 3 horas bônus e resolvi cortar meus cabelos. Já radicalizei há uns 2 meses deixando mais de 20 anos de lourice para trás e me tornando uma verdadeira morena. Hoje quero cortar as longas madeixas para algo mais médio. Ainda não decidi direito, mas estou com espírito de porco...hehehe

Fora isso, vou usar o tempo livre para pesquisar tema e coisinhas de decoração para o niver do Pitico. Pitico faz aniversário só em Abril, mas vamos estar no Brasil para o Natal e Ano Novo, e não queremos outro aniversário com fotos só do pai e da mãe, como se ele não tivesse uma penca de primos e uma família enorme.

Como meus pais moram em uma cidade e os meus sogros em outra, com mais de 400km de distância no meio, resolvemos fazer 2 festinhas de aniversário. Tipo, Pitico vai fazer 2 anos e vai ter 2 festinhas.

Minha mãe disparou na dianteira e já encomendou bolo e docinhos, convidou crianças e está super empolgada. Eu me lembro que ela adorava fazer nossos aniversários, inclusive enrolando docinhos por dias a fio e fazendo o bolo em casa. Depois vinham minhas tias encher balões e meus tios gelar as bebidas e começar o churrasco. Sim, era festa de criança, mas sempre tinha o churrasquinho para os adultos ficarem por perto e se divertirem também.

Estou super empolgada e quero ver a reação do Pitico ao ver tanta guloseima e o povo cantando parabéns. Mal posso esperar.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ignorância, Inferno e meus Tiranos


2:30 da matina, escuto um resmungo vindo do quarto do Pitico. Tento ignorar, mas o resmungo vira um miado que aumenta e está prestes a virar um choro. Do meu lado Mozão meio anestesiado. Levanto bem devagarinho e vou fazer o “cala boca” (vulgo mamadeira da madrugada, Alôoo!! Alguém tem uma dica de como se tira este costume?). Mozão ainda murmura, “-tem que procurar a mamadeira no berço”. E lá fui eu, meio caolha, meio sonâmbula.

4:30 e escuto de novo o miado. Desta vez não, violão. Não tem “cala-boca”. Fico quietinha e começo a conversar com Nossa Senhora (sim, eu sou religiosa, apesar de não acreditar muito na instituição em si). Começo a conversar de mãe pra mãe e parece que ela entende e Pitico se acalma um pouco.

5:20 agora são miados e gritinhos, que vão aumentando. Tenho a impressão de ver a expressão de Pitico, e não ver nenhuma lágrima. Meu corpo está pesado, minha alma mais ainda. O que será? Mozão levanta e tenta descobrir o que se sucede com Pitico.

Voltando um pouco no tempo, há 5 semanas levei Pitico no Otorrino porque ele sempre tinha uma pequena inflamação no ouvido. O médico na época receitou umas bolinhas homeopáticas, um spray para o nariz e solicitou que voltássemos em 5 semanas. Incrivelmente neste período Pitico melhorou consideravelmente. Estava dormindo melhor, de boca fechada, com nariz destrancado. Não sei se foi a homeopatia ou as doses diárias de Yakult.

Pois bem, Segundona, dia de otorrino, vamos Pitico, Teddy e eu para a consulta. O médico achou ótimo a vinda do Teddy porque Pitico prestava muita atenção no que ele fazia com o ursinho e deixava que o médico o examinásse sem problemas. Anaminese feita, veredicto: Pitico tem um acúmulo muito grande de cera no ouvido e precisa ser limpo, pois isto está atrapalhando a audição dele, que consequentemente atrasa o processo da fala. O médico chegou a comentar que ele não ouve barulhos muito baixos, tipo folhas das árvores balançando com o vento, canto de passarinhos, etc. Fiquei muito triste só em pensar que Pitico não ouvia o canto do Kiki. Doutor, innntão nos deu gotinhas para pingar em cada ouvido para amolecer a tal cera e innntão voltarmos em 1 semana para aspirar a gosma restante.

Iniciamos com as gotinhas, a contragosto do Pitico. Segundona, tudo bem. Terça de manhã, tudo bem, nenhuma reação. Mas ontem, terça de tarde, depois de algumas horas da admnistração das gotinhas Pitico se tornou insuportável. Choramingava, gritava, cutucava os ouvidos. Parecia que estava com dor. Porém deixava que eu apalpasse as orelhas. Depois de uma luta para ir dormir, finalmente ele se rendeu ao cansaço ou o Ibuprofeno que dei pra ele fez efeito.

Decidimos que hoje de manhã ele não usaria as gotinhas e observaríamos. Acordou ainda manhoso e com a orelhas quentes e vermelhas. Foi pra escola e veremos como vem mais tarde. Fecha o flashback.

6:41 toca meu despertador, Pitico lambe meu rosto com uma baba gelada. Mozão se enfia embaixo das cobertas e me abraça apertadinho. Pitico chora, faz drama. Não quer que fiquemos juntinhos. Mozão leva Pitico para ver o Kikaninchen.

6:43 volta Mozão sozinho e se enfia de novo embaixo das minhas cobertas. Euzinha que já tinha sido embalada pelo barulho da chuva na janela, apenas reajo meio brava e mal-humorada à uma brincadeira do Mozão. Mozão fica nervosinho e sai.

6:50 vem Pitico e acende a luz do abajur. Eu penso comigo mesmo: “- hoje não é meu dia, eu só queria ficar quietinha, quentinha, relaxar um pouco.” Mas sou interrompida pelo Pitico, que a esta altura já me puxava pela mão, puxava meu edredom e murmurava alguma coisa como “anta”, que quero crer que seja sua pequena palavra para “levanta”. Como eu ainda estou em estado letárgico, e não reajo muito bem a isto, Pitico vai embora reclamando.

6:55 vem Mozão com Pitico e diz que ele quer a mãe. A mãe do Pitico está no inferno. Meu mau humor está escrito na minha testa.

7:06 decido levantar, não aguento mais tanto terrorismo.

8:00 discussão sobre levar ou não Pitico no Otorrino. Problema é que, como eu procurei o problema, eu que estive na consulta, eu que fico caçando confusão teria que esperar até às 9h para levar Pitico no Otorrino. Concordo em esperar, Pitico se encanta com a Vila Sésamo,  lembro-me do meu horário no laboratório para tirar sangue, lembro que não posso chegar atrasada. Pitico parece bem. Decido deixá-lo na escolinha. E aviso a professora que se alguma coisa ocorrer é para ela nos ligar imediatamente.

8:35 perco o ônibus

8:45 consigo pegar o ônibus.

9:00 metro

9:20 Laboratório

9:50 finalmente cheguei no escritório, e quem sabe consigo terminar tudo a tempo para sair às 15:30 e pegar Pitico antes das 16:30. Acho que se não sair para almoçar vai dar certo.

Estou aqui escrevendo e pensando em como é complicado ser assim como eu sou. Sou explosiva e nervosa, e com a escassez de tempo para mim, minha ragugisse só tem aumentado. Não é fácil sair de casa com uma criança que já pesa 12kg no colo, carregando bolsa, bota de chuva da cria e o Teddy. Descer escadas, pegar elevador, garantir que Pitico fique com a touca na cabeça, achar a chave do carro, colocar Pitico no chão, pegar guarda-chuva no carro, correr atrás de Pitico, fechar o carro, andar até a escola, trocar Pitico, ler os avisos do dia, correr embaixo de chuva para não perder o ônibus, perder o ônibus, ficar 10 minutos no ponto de ônibus em baixo de chuva e frio.....pensando que tudo teria sido mais fácil se eu não fosse tão inquieta, reclamona e preocupada com as possíveis doenças que Pitico possa ter.

A ignorância não deve ser tão ruim assim, pois a pessoa não sofre nem por antecipação e nem depois do fato. Não há dúvida, não há responsabilidade, não há correria. Somente o doce saber de desconhecer.

Eu simplesmente estou a um passo de ter um colapso. Não sou boa para minha casa, não sou boa para meu marido, não sou boa para meu filho. Não estou dando conta de tudo. É o freezer que eu não arrumei, as roupas que não guardei, a dor nas costas ao pegar Pitico, a dor no estômago em pensar em como eu gostaria que fosse diferente, é a falta de tempo para mim, a falta de compreensão de mim mesma e a insatizfação comigo mesma.

Enfim, post longo, mal-humorado e cheio de dúvidas.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Deutschunterricht


Acabouuuuuu!!! Innntão que minhas aulas de alemão acabaram ontem. Depois de mais um ano, enfim livre, por enquanto.

Por enquanto porque alemão é uma língua que não se aprende totalmente nunca. Segundo que estou no nível C2, mas não sou uma proficiente, pois ainda me perco nas declinações de adjetivos.

O bom é que treinamos mais escrita e alguns conceitos antigos ficaram mais claros. Agora é me dedicar um pouco mais com o milhão de livros de gramática que eu tenho em casa (cadê a Dona Vontade que nunca aparece, e o Seo Tempo que insiste em sumir nas horas em que me a Dona Vontade aparece?).

Confesso que vou sentir falta da aula em si. Eu gosto de ter algum compromisso que não seja apenas trabalhar ou cuidar da casa. Até pensei, e ainda estou pensando, em aprender outra língua. Talvez francês ou italiano. Quero algo mais simples, que eu já compreenda um pouco e seja meio parecido com o português, pois assim acho que seria mais rápido e motivador. Vamos ver.

E vocês? O que andam fazendo com as suas horas vagas?

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Dia da Lanterna, o resumo



Innntão que finalmente tivemos o dia da Lanterna. A tarde-noite estava limpa, sem chuva e muito fria. Chegamos pontualmente as 16h30 na escolinha como combinado e encontramos um mar de pais esperando na porta. As crianças ainda estavam lanchando as guloseimas que levamos pela manhã. Euzinha acordei bem cedo e fiz pães de queijo e treinei Pitico durante todo o caminho da escola para fazer “hummmm” para os pãezinhos da momy (alemão nunca comeu pão de queijo brazuca e quando a gente explica que é um tipo de “Käsebrotchen” eles pensam que é uma baguette assada com queijo por cima e não que o queijo esteja já na massa). Pitico bem treinado entregou os pãezinhos à professora fazem o “hummmm”, meu coração pulou mais rápido e fiquei feliz por ter um comparssa. Meu trabalho foi reconhecido e as professoras elogiaram o sabor diferente do meu pão de queijo.

Finalmente alcançamos nossa cria que chorava por algum motivo....acalma daqui, mostra o Teddy de lá até que ele ganha a lanterna dele da escolinha. Uma espécie de passarinho, meio esquisito, mas tinha sua graça. Mais um pouco de choro, pois ele ganhou uma esverdeada e um coleguinha ganhou uma amarelada. Acalma mais um pouco, mostra uma coisa, mostra outra, ufa, conseguimos vestí-lo e sair da muvuca.

Já lá fora, ficamos junto com outros pais e outras crianças aguardando pelo resto da tropa. Nesta altura Pitico não queria saber do pai, nem do Teddy e muito menos das suas duas lanternas. Enquanto a maioria das crianças ficavam, obedientes, com seus pais, posavam para fotos com a lanterna, explicavam coisas numa língua incompreensível que nem os próprios pais sabiam do que se tratava(que bom que não é só Pitico que fala a língua enrolada que ninguém entende), Pitico corria entre a multidão de um lado pro outro, nem aí para o evento em si.

Euzinha tentava em vão tirar alguma foto dele. Mozão se encarregou de carregar as lanternas e o Teddy e se certificar que Pitico não corresse para a rua. Trabalho inútil o meu, nem uma boa foto. Por algum motivo, que minha inteligência desconhece, a máquina estava muito lenta, e quando batia a foto, pummm  o momento já tinha passado. Praticamente todas as fotos estão somente com as costas do Pitico. Uma pena.

Começa a romaria. A idéia era dar a volta no quarteirão e terminar na pracinha da igreja onde haveria uma pequena comemoração e aí sim a grande romaria. Preciso dizer que tudo estava tão lindo, tanta gente junta, tanta lanterna, o coral cantando, adultos com tochas, uma coisa linda, e ao mesmo tempo que eu pensava que isto é uma tradição quase milenar, meu coração pulsava mais rápido.

Muiiito frio, Pitico inquieto com a touca, com a luvas, incomodado e incomodando, resolvemos sair à francesa e ir para casa levando na nossa recordação um espetáculo que a máquina fotográfica não conseguiu registrar.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Desfraldamento, Desachupetamento e dia da Lanterna




Innnntão que há 3 meses Pitico começou a falar “cocô” antes de fazer. Nos empolgamos e corremos comprar um piniquinho para incentivá-lo. Sonhávamos com o processo de desfraldamento, e a economia na compra de fraldas, na diminuição de coisas para carregar na mala, etc...Não funcionou. Pitico continua pedindo, mas se recusa a ficar sentadinho esperando. Estou tentando o método visual, onde se joga a produção no piniquinho, explica, joga o conteúdo do piniquinho no vaso sanitário, dá tchau e aperta a descarga. Por enquanto Pitico gosta da parte de dar tchau e apertar a descarga....

Porém, como Pitico é filho de engenheiro com relações públicas, ele não poderia ficar sem nenhum projeto. Colocamos o projeto Desfraldamento “on hold” e começamos o projeto Desachupetamento (esta palavra não existe, criei agora, e significa largar a chupeta).

Tudo começou porque Pitico tinha uma chupeta na escolinha onde a orientação era dar somente para dormir. Todas as crianças da escolinha têm uma caixinha de papelão devidamente nominada. Esta caixinha serve para deixarmos a touca, cachecol, bilhetinhos e o Hausschue (aqui se usa um sapatinho especial para dentro de casa, que serve, teoricamente, só para andar dentro de casa). Percebi que Pitico começou a ter perebas na boquinha durante a semana, que nós curávamos nos fins de semana. Não precisei pensar muito para chegar a conclusão que as tais perebinhas no queixo vinham da chupeta da escolinha.

Como uma pessoa asseada que minha querida mãezinha me ensinou a ser, resolvi providenciar um potinho plástico para deixar dentro da caixinha do Pitico para que a tal chupeta não ficasse dançando por lá (mentira, isso foi o que eu disse para as professoras, na verdade eu não gostava de ver uma chupeta largada dentro de uma caixa de papelão onde se colocava de tudo um pouco, e comecei a desconfiar se estavam lavando a chupeta antes de dar pra ele). Como o povo aqui acha tudo isso um absurdo e pega no pão com a mesma mão que faz o troco do dinheiro (argh!) o mesmo se sucedeu com a chupeta do Pitico. O potinho não teve uso e a dita cuja rolava na caixinha junto com o tal Hausschue que começou a aparecer sujinho de andadas pelo pátio.

Primeiro comecei a lavar a chupeta todas as tardes e colocar dentro do potinho, meio que querendo dar a entender que este é o processo higiênico. Meu aviso subliminar foi totalmente ignorado, a chupeta dançava sabe Deus por onde, e Pitico continuava a ter perebas na boca. Num ato de fúria em uma sexta-feira resolvi levar a chupeta embora comigo e decidi não trazer mais de volta.

Conversei com Mozão que concordou que não custa nada ter um pouco de higiêne e já que não conseguiam colocar uma chupeta dentro de um potinho plástico teriam então que encontrar outro meio de acalmar Pitico e colocá-lo para dormir. Soa um pouco sádico de nossa parte deixar Pitico sem chupeta chorando na escola, e até concordo um pouco que seja, mas temos a opinião de que se não está fazendo bem, melhor cortar o mal logo pela raiz e como ele ainda é pequeno, acreditamos que o trauma vai ser menor (esperamos e rezo por isso).

Resultados, há 3 dias Pitico dorme na escolinha sem chupeta, não tem perebas na boca e ontem consegui sair com ele de carro sem levar nenhuma chupeta comigo. Tá certo que ele resmungou, mas cantei, mostrei os pássaros na rua e estou usando o momento Teddy para justificar e explicar tudo. Pausa para explicar o momento Teddy: desde ontem Pitico se apegou com um ursinho de pelúcia que chamamos de Teddy. Quis levá-lo para escolinha ontem, mostrou as coisas no caminho pra ele, hoje acordou querendo dar café da manhã para o Teddy, fez o Teddy fazer cocô no piniquinho, limpou o bumbum do Teddy...enfim, tudo que eu quero que Pìtico faça, explico primeiro pro Teddy e então tem sido mais fácil.

Hoje é o dia da Lanterna e espero que tenhamos uma bela noite, sem chuvas, para poder tirar fotos do Pitico com suas 2 lanternas (sim 2, porque uma mãe preguiçosa disse que era melhor a escolinha fazer a lanterna porque ela não tinha tempo, e a escola fez, igual para todas as crianças e só me avisaram esta semana. Como a lanterna do Pitico ficou linda e fui euzinha quem fez, ele vai carregar 2 lanternas!). Quanto à chupeta, espero que continue funcionando e realmente quero crer que não estão dando uma chupeta de outra criança para ele dormir.

Feliz Dia de São Martinho.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Viver ou Juntar Dinheiro?

Recebi hj este post do meu tio Fininho, e vem bem a calhar.

No email dizia que o texto é do Max Gehringer. Innntão, o que você prefere?

Viver ou Juntar dinheiro?


Há determinadas mensagens que, de tão interessante, não precisam nem sequer de comentários. Como esta que recebi recentemente. Li em uma revista um artigo no qual jovens executivos davam receitas simples e práticas para qualquer um ficar rico. Aprendi, por exemplo, que se tivesse simplesmente deixado de tomar um cafezinho por dia, nos últimos quarenta anos, teria economizado 30mil reais. Se tivesse deixado de comer uma pizza por mês, 12 mil reais. E assim por diante.

Impressionado, peguei um papel e comecei a fazer contas. Para minha surpresa, descobri que hoje poderia estar milionário. Bastaria não ter tomado as caipirinhas que tomei, não ter feito muitas viagens que fiz, não ter comprado algumas das roupas caras que comprei. Principalmente, não ter desperdiçado meu dinheiro em itens supérfluos e descartáveis.

Ao concluir os cálculos, percebi que hoje poderia ter quase 500 mil reais na minha conta bancária. É claro que não tenho este dinheiro. Mas, se tivesse, sabe o que este dinheiro me permitiria fazer? Viajar, comprar roupas caras, me esbaldar em itens supérfluos e descartáveis, comer todas as pizzas que quisesse e tomar cafezinhos à vontade.

Por isso, me sinto muito feliz em ser pobre. Gastei meu dinheiro por prazer e com prazer. E recomendo aos jovens e brilhantes executivos que façam a mesma coisa que fiz. Caso contrário, chegarão aos 61 anos com uma montanha de dinheiro, mas sem ter vivido a vida.

"Não eduque seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz. Assim ele saberá o VALOR das coisas e não o seu PREÇO"

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Bullying

Innnntão que está tudo bem no reino germânico. Aliás estamos na contagem regressiva para nossa ida ao Brasil, mas ainda faltam uns 40 dias...

Ontem levei um belo tombo na rua e não pude buscar Pitico na escolinha. Nada de mais, apenas escorreguei em uma das mil folhas de outono espalhadas pela cidade. O problema é que estava chovendo, e eu fiquei toda enlameada (se é que é assim que se escreve). Mozão, innntão foi pronto para escolinha buscar nossa cria.

Quase tive um ataque quando vi Pitico no colo do pai, todo choroso, e Mozão me diz: dá uma olhada na bochecha direita. Pum, uma mordida. Mozão, puto como raramente vejo, explica que foi um dos meninos da turma das crianças maiores. Mozão ainda enfatiza que reclamou, falou com a professora, etc....

Coração de mãe e sexto sentido são algo que juntos fazem um estrago danado. Perguntei na hora sobre o terrorista do outro episódio, se ele ainda estava lá, o qual Mozão respondeu que estava saindo com o pai. E emendou, “muito folgado este povo, sei lá, meio largado demais”.

Hoje pela manhã reforcei nossa decepção com a diretora, pedagoga e professoras de plantão. Se fosse no Brasil trocava fácil de escola, aqui, com este sistema louco, só em agosto de 2011 e se houver vagas nas escolas que nos inscrevemos. Sinto-me totalmente impotente.

Sinto vontade de chegar nos pais desta criança e soltar o verbo, porém ninguém da escola quis me confirmar se realmente foi o terrorista, pois claro, sabem que eu poderia ir na fonte e criar confusão.

Agora me digam, seria possível que crianças de 2 anos sejam capazes de começar o famoso Bullying?

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Comendo como poucos....


Innnntão que a family teve alguns dias de folga. Aproveitamos que Mozão ia trabalhar em Hockenheim e fomos, Pitico e euzinha, de bagagem.

Foi muito bom dirigir pela Alemanha e conhecer vários lugares legais. Resolvemos antes de chegar ao destino final começar conhecendo Mannheim, depois Baden Baden, então Heidelberg e finalmente Hockenheim. Ficamos 2 noites em Mannheim, e conto agora uma das nossas aventuras gourmets. Depois de ficarmos o sábado no quarto do hotel, porque estávamos ultra cansados, resolvemos sair no domingo à noite para jantar. Pedimos indicação de lugares à recepção que nos indicou 2 italianos e uma churrascaria brazuca.

Ficamos até empolgados com a oportunidade de comer churrasco, e ainda por cima brazuca. Nem pensamos muito, fomos direto no endereço da churrascaria. Roda, se perde, entra errado....enfim chegamos, descarregamos nossa tralha (ir jantar com criança é preciso estar preparado, desde fralda, passando por comidinha, babeiro e brinquedos em geral).

Entramos, e o lugar era um tanto quanto sombrio....veio uma garçonete, e nos apressamos em falar português, e a tal nos responde em espanhol. Ponto negativo...aí tinha um cidadão com cara sabe deus de que nacionalidade. Uns gatos pingados e muitos lugares vazios. Mozão decidiu que aquilo não era ambiente e duvidava que eles teriam o nosso tão sonhado churrasco. Levantamos acampamento alegando que Pitico ficara repentinamente doente.

De volta ao curso, rodar a cidade para achar outro resto. Roda, roda, roda, e encontramos Da Gianni. Surpresa ao entrar...ambiente classudo, toalhas bem brancas, casais tendo jantares românticos, e nós, parecendo dois sacoleiros entrando com um carrinho de bebê. Neste momento euzinha já estava rezando para que Pitico realmente tivesse pegado no sono e Mozão e eu pudéssemos ter um jantarzinho romântico.

O maitre, que não era bobo nem nada, nos colocou em uma boa mesa, mas se certificou de nos colocar um pouco longe do agito. Cardápio em mãos, Pitico até então comportado, decidimos pelo 4 Gang Menu  de entrada, seguido de risto de frutos do mar. Aham...Pitico se empolgou, e resolveu botar fogo geral. Do comportado bebê que entrou no carrinho, agora ele era um menino de 1 ano e meio que queria brincar com os talheres de prata, queria atenção dos garçons que vinham de tempos em tempos se certificarem que nossos copos não estavam vazios. Queria passar manteiga no pãozinho italiano quentinho, não queria sentar na cadeirinha, e gritava bruuuuuummmmm com seu caminhãozinho de bombeiro entre as taças de cristal.

Primeiro prato veio e só me lembro de engolir tudo rapidinho antes que Pitico derrubasse toda a maravilhosa sopa de crustáceos na minha roupa. Mozão começava a ficar nervoso. Segundo prato, várias coisinhas coloridas e Pitico já queria descer e explorar a vizinhança. Terceiro prato e tento colocar Pitico para dormir, para poder aproveitar algum dos pratos sentada como uma lady e não como uma mulher das cavernas tendo seus cabelos puxados pelos 18 filhos (Pitico é só um, mas quando quer dá trabalho por uns 3). Mozão fica nervozasso e tira Pitico do carrinho e vai mostrar as estrelas lá fora. Silêncio no ambiente, todos se entreolham e olham para a mãe desnaturada que tentou colocar o menino aos berros no carrinho. Quarto prato, meu Deus, começo a pensar que este jantar está indo longe de mais, ainda tem o prato principal e a sobremesa. São 21h30 e Pitico está tocando o terror. Resolvo então me revezar e deixar Mozão aprecisar o prato e vamos contar ônibus lá fora. Pitico está que não se aguenta de sono, mas não se entrega, quer mais e mais bagunça, e ver a mãezinha dele envelhecer 15 anos em 5 minutos.

Finalmente o risoto. Uma delícia. Mozão comeu primeiro, e depois euzinha pude degustar um dos melhores risotos na opinião do maridão. Depois de tanta luta, decidimos que a sobremesa fica para outro dia, e Mozão já me entrega Pitico com as chaves do carro para que eu o leve embora, e finalmente os casais possam terminar suas noites românticas.

2 segundos no carro e Pitico capota. 5 minutos depois vem Mozão com toda nossa mudança e um pacotinho nas mãos. Eram mini tortas, de vários sabores que foram servidas de sobremesa como cortesia. Mozão colocou tudo num guardanapo e num ato de amor, dividimos a última tortinha de himbeere entre a desmontagem e arrumação do carrinho do bebê. Realmente uma noite romântica.

Baden Baden é linda, uma cidade muito charmosa com todas as suas casas de banho romanas. Heidelberg é incrivelmente antiga e o castelo algo bonito de se ver. Hockenheim é menor do que eu imaginava, mas ainda assim muito charmosa.

Terminamos ontem nossa viagem voltando à nossa rotina, encerrando a noite de viagem com um bom macarrão ao pesto que Pitico me ajudou a preparar. Vestígios daquele menino inquieto de Mannheim?  Nenhum, ali estava Pitico, sentando em sua cadeira, com seu garfo e sua colher (era spaghetti), seu copo, seu guardanapo, parecendo um Lord Inglês comendo sua ceia em paz e com toda classe que uma criança de um ano e meio pode ter.