sexta-feira, 5 de junho de 2009

Jugendamt

Hallöchen,

Esta semana recebi uma visita de uma agente do Jugendamt, traduzindo seria como uma assistente social. Seu objetivo não declarado era verificar se temos condição de criar nosso filho.

O processo todo se dá da seguinte maneira: o hospital se encarrega de assegurar que seu bebê será registrado e receberá uma certidão de nascimento. Em fazendo isso, o ¨cartório¨ que já faz parte do Burgeramt aciona toda a estrutura relacionada a nascimentos: Elternzeit, Elterngeld, Kindergeld, Jugendamt, Rentversicherung, Steurnummer un Kitagutschein (traduzindo: licença maternidade, salário maternidade, ajuda de custo para a criança, assistencia social, aposentadoria, número de contribuição social e cupom para escola).

Assim já recebemos do nosso pequeno quase 1kg de papel que temos que ler, arquivar e também providenciar novos processos.

Voltando à visita, a assistenten social vem com a desculpa de esclarecer dúvidas sobre o processo de amamentação, vida familiar, etc, e no meio da entrega de vários prospectos sobre homeopatia, grupos de desenvolvimento infantil e listas de escolas e parques, ela sutilmente pergunta onde o bebê dorme, pede pra ver, daí aproveita a oportunidade para ir completando sua pesquisa. Caso uma família apresente quadro de pobreza ou qualquer alteracao mental, esta senhora pode recomendar ao Estado que a criança seja retirada dos pais.

Felizmente passamos no teste e tenho que dizer que achei no mínimo interessante como se leva a sério as coisas por aqui. Fato é que o Estado intervem quando necessário e dão condição para que uma criança cresça de forma adequada.

Falando em Estado vale lembrar que aqui é uma Social Democracia, o que significa que os políticos e órgãos públicos exercem a democratia ao mesmo tempo que tentam ter uma visão socialista (não assistencialista e sim de dar condição social para integração pessoal).

Valeu a visita.

Gruß,

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Parto

Hallöchen,

Finalmente uma pequena pausa e posso escrever um pouquinho.

Vamos lá, retrocedendo um pouco quero comentar o parto. Eu tinha uma expectativa de parto normal, e como manda a tradição alemã, esperei até que a natureza agisse. Isto aconteceu com 2 semanas de atraso (uma gestação tem 40 semanas, a minha durou 42 pois aqui se aguarda 2 semanas após a data prevista do parto para provocar uma indução de nascimento).

Data de indução marcada, esperanças renovadas e lá fomos nós dormir. Por volta da 1 hora da manhã começaram minhas contrações espontâneamente. Fiquei louca de feliz, pois ali começava minha pequena saga rumo ao tão sonhado parto natural.

Como havia aprendido no curso de parto, esperei as contrações evoluirem até o intervalo de 10 minutos entre cada dor. Acordei meu esposo, tomei um banho e nos dirigimos ao hospital. Nisto já eram 6h30 da manhã. Cheguei no hospital por volta das 7h, com dores horrendas, mas feliz porque meu filho viria ao mundo pelo método natural, como nos filmes de cinema.

¨Bom dia, qual o intervalo entre as contrações, que horas começou...etc¨ - o procedimento que eu já conhecia. A enfermeira me encaminhou para uma sala de exames e verificou minha dilatação. Eu estava convencida de que já tinha 7 centímetros (é necessário 10cm para o bebê vir ao mundo sozinho). Momento da verdade: 0,5 cm. Pensei, ¨o que?¨ . Toda esta dor para meio centímetro?

Com um rosto meio sem expressão a enfermeira simplesmente me mandou caminhar por 2 horas, procedimento que eu temia, pois imagine você ficar andando, com dor, em circulos por 2 horas para provocar dilação. Bom, lá fomos, eu, as contrações e o coitado do meu marido. 3 passos, uma parada, menos uma contração.

Fui capaz de caminhar por 1 hora, porém as dores começaram a ficar insuportáveis e comecei a vomitar.

Voltamos para a sala da parto, e pelo tamanho da minha dor, pensei ¨agora vai¨. Que nada, agora eu tinha 2cm. A enfermeira já sem paciência me mandou tomar um banho de banheira (para relaxar e diminuir a sensação de dor, dizem que ajuda na dilatação). Lá fui para a banheira por meia hora. Realmente a intensidade da dor diminuiu, mas a dilatação não veio.

Ficamos então na sala de parto, com o monitor de batimentos cardíacos ligado em minha barriga. As contrações evoluindo, as dores aumentando, eu vomitando e nada de dilatação.

Já eram 14h quando não mais aguentei e solicitei a anestesia peridural, a qual eu havia previamente decidido não tomar. Anestesista, enfermeira e finalmente a ¨picada¨aliviadora.

Tive então praticamente 2 horas de relaxamento até o batimento cardíaco do guri começou a se alterar e resolveram fazer um exame na cabecinha dele. Quando picaram a cabecinha minha bolsa estourou e a água estava verde, o que significa presença de mecônio e também pode significar sofrimento fetal.

Imediatamente fui transferida para sala de operações e Lukas nasceu em 5 minutos através de uma cesariana.

Passada toda esta saga, meu sogro nos advertiu que no Brasil, mulheres com mais de 30 anos já não se aconselha parto normal, e que a espera de 2 semanas além da data do parto é um sofrimento desnecessário para a mãe e o bebê.

Coincidência ou não, outras 2 amigas minhas, também acima de 30, tiveram seus filhos por cesariana depois de um longo e sofrido trabalho de parto.

Assim, concluo este post dizendo que nem tudo na Alemanha é de primeiro mundo.

Gruß,