quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Eisamkeit
Não sei como se sentem as mães no Brasil porque acredito que tenham todo o apoio da família. Não digo apoio financeiro, ou psicológico, e sim o apoio prático de se revezar no cuidado do bebê.
Amo meu filho mais do que qualquer coisa na vida, mas a demanda é grande demais quando se mora fora do Brasil e muito longe da família.
Diz-se que ser mãe é padecer no paraíso. Paraíso sim, quando o bebê sorry, reconhece sua voz ou aprende algo novo por si só. Porém, padece-se muito durante o dia, e muito mais durante a noite. Não existe mais eu, e sim o bebê.
O Pai, por mais amoroso que seja, sempre ficará com a parte mais light do trabalho. Como minha licença maternidade é de um ano, ganhei de quebra 2 filhos. E tudo recai sobre a tal da licença.
Sou uma pessoa solitária, vivendo num enorme apartamento com meu filho e meu marido. Mas me sinto muito mais como uma prisioneira do meu filho e escrava do meu marido.....
Acabaram-se as sessões de manicure despreocupadas. Acabaram as depilações de toda quinzena. Academia é somente um valor a mais descontado de minha conta corrente. Simplesmente porque estou em licença maternidade, e portanto tenho obrigação, e tempo, para cuidar da casa e do meu filho....o resto, não é necessário....
Entretanto minha feminilidade e minha e minha vida estão se esvaindo junto com a licença....o que virá depois?
domingo, 6 de setembro de 2009
Ser mãe é
- Ser mãe é acordar 1 segundo antes da mamada noturna
- Ser mãe é ficar preocupada a cada mudança não contida em livros de bebês
- Ser mãe é ficar feliz quando o bebê faz cocô
- Ser mãe é se alegrar quando o bebê arrota
- Ser mãe é ficar sem lavar o cabelo por 3 dias e o bebê mesmo assim querer ficar bem pertinho do seu pescoço
- Ser mãe é abdicar de sua carreira em prol de mais tempo com seu filho
- Ser mãe é ficar calada e engolir ¨sapos¨ enquanto amamenta seu filho e escuta bobagens do marido
- Ser mãe é ouvir a opinião da família inteira e ninguém ouvir a seu instinto materno
- Ser mãe é não ter tempo pra si mesma
- Ser mãe é cuidar do filho o dia inteiro e ainda ouvir que você faz pouco
- Ser mãe é estar cansada e ainda ter que ser mulher
- Ser mãe é velar o sono do bebê para se assegurar que ele respira
- Ser mãe é chorar escondido para que o filho não perceba sua tristeza
- Ser mãe é ver sua vida mudar em apenas 1 segundo
- Ser mãe é a melhor coisa do mundo
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Jugendamt
Esta semana recebi uma visita de uma agente do Jugendamt, traduzindo seria como uma assistente social. Seu objetivo não declarado era verificar se temos condição de criar nosso filho.
O processo todo se dá da seguinte maneira: o hospital se encarrega de assegurar que seu bebê será registrado e receberá uma certidão de nascimento. Em fazendo isso, o ¨cartório¨ que já faz parte do Burgeramt aciona toda a estrutura relacionada a nascimentos: Elternzeit, Elterngeld, Kindergeld, Jugendamt, Rentversicherung, Steurnummer un Kitagutschein (traduzindo: licença maternidade, salário maternidade, ajuda de custo para a criança, assistencia social, aposentadoria, número de contribuição social e cupom para escola).
Assim já recebemos do nosso pequeno quase 1kg de papel que temos que ler, arquivar e também providenciar novos processos.
Voltando à visita, a assistenten social vem com a desculpa de esclarecer dúvidas sobre o processo de amamentação, vida familiar, etc, e no meio da entrega de vários prospectos sobre homeopatia, grupos de desenvolvimento infantil e listas de escolas e parques, ela sutilmente pergunta onde o bebê dorme, pede pra ver, daí aproveita a oportunidade para ir completando sua pesquisa. Caso uma família apresente quadro de pobreza ou qualquer alteracao mental, esta senhora pode recomendar ao Estado que a criança seja retirada dos pais.
Felizmente passamos no teste e tenho que dizer que achei no mínimo interessante como se leva a sério as coisas por aqui. Fato é que o Estado intervem quando necessário e dão condição para que uma criança cresça de forma adequada.
Falando em Estado vale lembrar que aqui é uma Social Democracia, o que significa que os políticos e órgãos públicos exercem a democratia ao mesmo tempo que tentam ter uma visão socialista (não assistencialista e sim de dar condição social para integração pessoal).
Valeu a visita.
Gruß,
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Parto
Finalmente uma pequena pausa e posso escrever um pouquinho.
Vamos lá, retrocedendo um pouco quero comentar o parto. Eu tinha uma expectativa de parto normal, e como manda a tradição alemã, esperei até que a natureza agisse. Isto aconteceu com 2 semanas de atraso (uma gestação tem 40 semanas, a minha durou 42 pois aqui se aguarda 2 semanas após a data prevista do parto para provocar uma indução de nascimento).
Data de indução marcada, esperanças renovadas e lá fomos nós dormir. Por volta da 1 hora da manhã começaram minhas contrações espontâneamente. Fiquei louca de feliz, pois ali começava minha pequena saga rumo ao tão sonhado parto natural.
Como havia aprendido no curso de parto, esperei as contrações evoluirem até o intervalo de 10 minutos entre cada dor. Acordei meu esposo, tomei um banho e nos dirigimos ao hospital. Nisto já eram 6h30 da manhã. Cheguei no hospital por volta das 7h, com dores horrendas, mas feliz porque meu filho viria ao mundo pelo método natural, como nos filmes de cinema.
¨Bom dia, qual o intervalo entre as contrações, que horas começou...etc¨ - o procedimento que eu já conhecia. A enfermeira me encaminhou para uma sala de exames e verificou minha dilatação. Eu estava convencida de que já tinha 7 centímetros (é necessário 10cm para o bebê vir ao mundo sozinho). Momento da verdade: 0,5 cm. Pensei, ¨o que?¨ . Toda esta dor para meio centímetro?
Com um rosto meio sem expressão a enfermeira simplesmente me mandou caminhar por 2 horas, procedimento que eu temia, pois imagine você ficar andando, com dor, em circulos por 2 horas para provocar dilação. Bom, lá fomos, eu, as contrações e o coitado do meu marido. 3 passos, uma parada, menos uma contração.
Fui capaz de caminhar por 1 hora, porém as dores começaram a ficar insuportáveis e comecei a vomitar.
Voltamos para a sala da parto, e pelo tamanho da minha dor, pensei ¨agora vai¨. Que nada, agora eu tinha 2cm. A enfermeira já sem paciência me mandou tomar um banho de banheira (para relaxar e diminuir a sensação de dor, dizem que ajuda na dilatação). Lá fui para a banheira por meia hora. Realmente a intensidade da dor diminuiu, mas a dilatação não veio.
Ficamos então na sala de parto, com o monitor de batimentos cardíacos ligado em minha barriga. As contrações evoluindo, as dores aumentando, eu vomitando e nada de dilatação.
Já eram 14h quando não mais aguentei e solicitei a anestesia peridural, a qual eu havia previamente decidido não tomar. Anestesista, enfermeira e finalmente a ¨picada¨aliviadora.
Tive então praticamente 2 horas de relaxamento até o batimento cardíaco do guri começou a se alterar e resolveram fazer um exame na cabecinha dele. Quando picaram a cabecinha minha bolsa estourou e a água estava verde, o que significa presença de mecônio e também pode significar sofrimento fetal.
Imediatamente fui transferida para sala de operações e Lukas nasceu em 5 minutos através de uma cesariana.
Passada toda esta saga, meu sogro nos advertiu que no Brasil, mulheres com mais de 30 anos já não se aconselha parto normal, e que a espera de 2 semanas além da data do parto é um sofrimento desnecessário para a mãe e o bebê.
Coincidência ou não, outras 2 amigas minhas, também acima de 30, tiveram seus filhos por cesariana depois de um longo e sofrido trabalho de parto.
Assim, concluo este post dizendo que nem tudo na Alemanha é de primeiro mundo.
Gruß,
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Filhos
quinta-feira, 12 de março de 2009
Fios, cabos e muita luz


quarta-feira, 11 de março de 2009
Kitta, Krippe, Tagesmutter, Tagespflege, Kindergarten...

Este ministério tem a função de regulamentar tudo relativo a estes 4 assuntos, e focando um pouco no meu momento ¨baby¨, estou tentando entender melhor o sistema de ensino infantil.
Muitos nos disseram que necessitamos fazer a inscrição de nosso bebê agora, antes mesmo de ele nascer. Mas dando um step back, o que quero entender melhor é o funcionamento do ensino público versus o ensino privado (como funciona, quanto custa, quem paga o que, etc.)
Pesquisa vai, pesquisa vem e encontro estes termos Kita, Krippe, Tagesmutter, Tagespflege, Kindergarten....e confesso que não entendi patavina.
Por segurança (afinal sicher ist sicher) nosso baby já foi inscrito em 2 escolas privadas que deveremos visitar nas próximas semanas. Detalhe, ele está inscrito para uma vaga a partir de Abril/Maio de 2010. Existem mais 2 escolinhas na lista, que por serem dirigidas por igrejas ainda não descobrimos se são privadas ou públicas e que merecem uma visita por serem muito próximas de nossa casa.
Assim, aguardem cenas dos próximos capítulos.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Doula e Hebamme

P.s: Recebi uma correção e segue
"A doula no Brasil e na Europa também é conhecida como Doula(a que foi minha tá em POrtugal agora)ela näo tem nenhuma funcäo médica ou de enfermeira, näo é autorizada nem a fazer o "toque" pra ver qto estamos de dilatacäo.A funcäo da Doula é servir apenas a gestante durante o trabalho de parto, com massagens ,auxiliando na respiracäo, exercícios com a bola entre outros.Talvez elas seriam como as Feststellen.
Aqui vai um link que explica tudo direitinho:http://www.doulas.
Obrigada Fernanda pelo seu Post.
terça-feira, 3 de março de 2009
Falta pouco
Entramos na reta final. Hoje oficialmente entramos na semana gestacional 37, o que significa que o baby pode nascer a qualquer momento e não será mais considerado um bebê prematuro e sim um bebê de termo (bebês que nascem entre a semana 37 e 40; bebês que nascem entre 40 e 42 semanas são considerados pós-termo e podem sofrer complicações).
Estou ansiosa pra conhecer meu pequeno pimpolho e claro, com bastante medo também. Não estou com medo das dores, mas como boa ariana, tenho medo da possibilidade da impotência de ajudar meu filho caso algo aconteça. Não sou médica, e mesmo acreditando nas maravilhas que da natureza, algumas coisas simplesmente acontecem porque têm que acontecer. E é desta impotência que estou falando.
Mas continuo com o pensamento positivo, esperando pacienciosamente pela chegada desta pessoazinha que já é o ser mais importante na vida do pai e da mãe dele.
Gruß,
sábado, 28 de fevereiro de 2009
Divagações 2
Gravidez é uma fase incrível do ser humano. Todo deveriam poder ter um pouquinho das sensações.
Tem a fase inicial de ansiedade, quando se descobre o feto e se espera ansiosa pela barriga. Aí a barriga não vem tão rápido e então começa a fase onde não se tem uma nem uma barriga gorda nem a barriga grávida.
Quando no final do primeiro trimestre vem a fase de dores nas costas e no baixo ventre, sinal de que seu corpo está literalmente abrindo espaço para o útero. Fase realmente dolorida e resumindo em uma palavra, desconfortável.
Pronto, você já tem um pequeno volume e já se exibe em roupas de grávida. Tudo é lindo, você está disposta, alerta, acha a gravidez maravilhosa. Você ainda consegue dormir bem, apesar das idas ao banheiro.
No final do segundo trimestre muitas mulheres tem um retenção de líquido alta e consequentemente alguns outros desconfortos como pressão alta. Felizmente eu não tive problemas nesta fase, e ainda estava muito bem disposta.
Último trimestre, você engorda só de respirar. Aliás respirar nesta fase é um exercício quase de paciência. De repente aquela barriguinha que você até achava bonita se transforma em uma enorme melancia. Você não consegue mais ver seus pés e vestir as meias de compressão soa como um castigo medieval.
No último mês, este em que estou agora, você está implorando para que o bebê nasça logo e que o trabalho de parto dure pouco. Você tem dificuldades para sentar, levantar, calçar sapatos, agaxar ou andar um quarteirão. Mesmo que você não queira, sua pressão arterial aumenta e sua retenção de líquidos também aumenta, pois seu organismo está se preparando para uma grande circulação sanguínea no momento do parto, bem como para a perda do líquido aminiótico, então ele começa a reserva para que estes ítens não lhe faltem.
Ainda continuo embasbacada com a sabedoria da natureza, mas confesso que bastante desconfortável com os efeitos colaterais. Não sou uma pessoa que reage bem a dor e a ter que ficar quieta, e este período onde minha autonomia me foi retirada, pela natureza que está me ensinando a ser paciente, estou me sentindo como uma leoa selvagem enjaulada pela primeira vez.
Minha esperança é de que o parto seja bem curto e bem sucedido.
Aproveito para dar os parabéns aos futuros sogros dos meu filho que tiveram sua pequena já esta semana! Ela é simplesmente linda!
Bom fim de semana à todos.
Gruß,
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Licença maternidade

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Divagações
Não, ainda não morri....o blog só estava abandonado devido a férias bem curtidas no Brasil e dedicação à minha gestação.
Pois é, nem comentei aqui, mas já estamos na reta final: faltam apenas 4 semanas.
Ontem estivemos na GO e está tudo bem com o pequeno: coração forte e pulsante, 2,9kg e 45cm. Minha primeira pergunta à médica foi quanto media a cabeça, afinal na Alemanha Parto Cesariana é uma cirurgia, e como tal só é indicada em casos de compliação. Então, o guri tem uma medida encefálica de 9x11cm, o que me deixou preocupada, pois na minha matemática a dilatação chega a 10cm, o que significa que o pobrezinho vai ser exprimido e comprimido na sua saída.
Depois da consulta fiquei pensando em como a Natureza é perfeita, pois os bebês são praticamente maleáveis e seus ossinhos parecem mais uma gelatina muito endurecida, mas ainda assim maleável. Assim, a médica se despediu de mim com o já habitual ¨Keine Sorge¨ (não se preocupe) pois está tudo correndo lindamente e seu bebê provavelmente não terá dificuldades pra nascer. Bom, assim espero.
Ainda impressionada com a perfeição da natureza, o pequeno serzinho já está de cabeça pra baixo desde o início do sétimo mês, o que todos dizem que é muito bom, pois ele está na posição mais confortável possível (apesar de eu ter minhas dúvidas). Voltando a posição fetal: lá está ele há praticamente 2 meses de cabeça pra baixo com suas costas voltadas para o meu lado direito. Qual não foi meu desespero esta madrugada quando acordei com ele se batendo dentro de mim e notei que tinha algo muito duro no meu lado esquerdo. Pensei: ¨pronto, ontem fui a médica, e depois de tanto tempo este piá decidiu que de cabeça pra baixo não está confortável e quer ficar sentado¨. Conversei, pedi, implorei para ele voltar para posição original e expliquei que faltava pouco pra ele vir ao mundo, e claro, não dormi de preocupação, pois não conseguia saber exatamente em que posição ele estava e nem se estava sofrendo.
Hoje pela manha fomos ao Hospital para fazer nosso Anmeldung (inscrição preparatória do parto que deve ser feita 1 mês antes para que o hospital já tenha seu histórico médico e saiba que você entre um período de 2 semanas antes e 2 semanas depois da data prevista do parto pode aparecer a qualquer momento para ter o seu bebê). Papel pra lá, papel pra cá, muitas perguntas e no final pedi para a Hebamme (enfermeira especializada em parto) para que ela desse uma olhada na minha barriga pra ver se ele estava em alguma posição desconfortável ou perigosa. Qual na foi minha surpresa quando ela disse que ele era um garoto muito esperto, pois já tinha se encaixado e virado sua coluna para o meu lado esquerdo, onde tem menos órgãos internos, para ficar mais confortável e assim escorregar mais facilmente na hora H.
Agora me digam se a natureza realmente não é sábia?
Gruß,